A vitória na receção ao Brighton, num jogo ainda hoje comentado pela validação do golo dos visitantes apesar de haver uma falta evidente sobre Höjberg, recolocou o Tottenham no trilho do sucesso, apenas a um ponto do líder Liverpool na Premier League. No entanto, a exibição falhada na Bélgica frente ao Antuérpia, que levou à derrota por uma margem mínima que não expressou o que se passou em campo, não foi esquecida. E com uma inversão de discurso de José Mourinho, que desviou o foco dos jogadores e assumiu culpa própria pelo sucedido.

Mourinho mudou o filtro, a equipa tornou-se pouco instagramável e o final teve tudo menos likes: Tottenham perde na Liga Europa

“Queria fazer 11 substituições ao intervalo! E só não fiz logo as cinco porque tinha receio de uns longos 45 minutos. Ao intervalo tentei melhorar a situação mas não foi o suficiente. O Antuérpia conseguiu o que mereceu. Vocês sabem qual é a nossa melhor equipa. Penso sempre que os jogadores merecem uma oportunidade. Temos um longo plantel e há sempre oportunidades a aproveitar para depois exigir mais. Depois de hoje, as minhas escolhas vão ser muito fáceis”, atirou após o jogo, antes de publicar uma imagem na página oficial do Instagram com uma expressão aborrecida sentado no banco do autocarro da equipa: “Más prestações merecem maus resultados. Espero que todos neste autocarro estejam tão chateados como eu. Amanhã, treino às 11 da manhã”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Sou o primeiro culpado porque os jogadores não se exibiram ao nível normal, mais competitivo”, preferiu destacar agora o técnico. “Nessa partida talvez não tenhamos sentido a pressão de uma eliminatória, talvez tenhamos sentido que a fase de grupos é diferente, o que é verdade. Mas não fomos a Antuérpia para vencer, fomos esperar que a vitória nos encontrasse. Agora, devido a essa derrota, este jogo torna-se mais decisivo. É importante que vençamos ou que alcancemos um ponto”, analisou, entre promessas de utilizar os habituais titulares antes de um período de seleções que receia: “Daí nunca chegam boas notícias. Pensava que com a Liga das Nações não haveria mais particulares mas ainda há. Não o espero mas adorava que os meus jogadores fossem poupados”.

Ainda assim, a pergunta da conferência acabou por ser outra, quando um jornalista questionou José Mourinho sobre a possibilidade de ter perdido a “faísca” que fazia de si o Special One. “Faísca? Ainda ganhei a Liga Europa em 2017 [com o Manchester United]. Há treinadores que nada ganham mas têm a faísca…”, atirou entre risos, sem visar em particular um outro técnico a esse propósito. E faísca era o que o Tottenham precisava para ganhar na Bulgária, após uma derrota que deixara o grupo da Liga Europa mais aberto do que esperado na teoria e com um onze inicial que não teve uma revolução mas promoveu algumas alterações como a troca de Reguilón por Ben Davies na esquerda, a entrada de Winks e Lo Celso para o meio e a aposta em Bale e Lucas Moura nas alas.

Com mais ou menos intensidade, essa faísca voltou mesmo e bastaram 15 minutos para o Tottenham mostrar na Bulgária que estava acima do mero favoritismo teórico tendo Harry Kane em destaque: primeiro falhou na área uma oportunidade flagrante, depois acertou no poste de meia distância e à terceira inaugurou mesmo o marcador (13′), naquele que foi o seu 200.º golo em 300 jogos pelos spurs. E não ficou por aí, fazendo ainda a assistência para Lucas Moura aumentar a vantagem ainda antes do intervalo (32′). Mourinho fez depois algumas mexidas na equipa, Keserü ainda deu alguma esperança aos búlgaros com um golo nascido de um ressalto (50′) mas Lo Celso, pouco depois (62′), sentenciou o 3-1 final de um encontro onde os londrinos tiveram sempre o controlo e tiveram várias oportunidades para construírem uma goleada. Prova superada? Sim mas não a 100%. E essa mensagem voltou a chegar através do Instagram de José Mourinho: “[A cara de] quando tu ganhas mas não jogas especialmente bem”. O treinador português encontrou um novo mundo para se expressar no futebol.