O presidente da Junta do Centro Histórico do Porto desafiou esta segunda-feira as autarquias, o Governo e entidades públicas a antecipar o pagamento do subsídio de Natal para ajudar à sobrevivência do comércio, instando-os a seguir o seu exemplo.

“O desafio que eu faço é que todas as autarquias, sejam juntas ou câmaras municipais, e os próprios organismos públicos o façam”, defendeu António Fonseca, em declarações à Lusa.

Instando todos a seguir o exemplo da junta, que vai proceder ao pagamento do subsídio de Natal na quarta-feira, o autarca que foi eleito pelo movimento do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, salientou que o comércio e a restauração estão em sérias dificuldades e correm até o risco de encerrar portas.

Numa altura em que o comércio e restauração estão pelas ruas da amargura, com a redução de horários, e com o apelo do Governo para que as pessoas façam as compras mais cedo, é preciso tomar medidas. Alarga-se o período das trocas, mas o governo está a esquecer-se de que muitos não vão ter ordenados e muito menos e subsídios de Natal, disse.

Para António Fonseca, antecipar o pagamento deste subsídio vai permitir injetar alguma esperança e capital no comércio local, que no centro histórico do Porto vive muitas dificuldades. Segundo o autarca, os comerciantes temem que a quebra nas vendas de Natal, por via das limitações à circulação, seja de tal forma que não seja possível assegurar o pagamento dos salários, quanto mais o subsídio de natal.

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António Fonseca não tem dúvidas de que até ao final do ano vão fechar muitas lojas se não for garantido, através destas e de outras medidas, pelo menos o pagamento dos encargos permanentes. “Tendo em conta o atual contexto e a falta de apoios a fundo perdido, eu, como autarca que se preocupa com a economia da freguesia e do concelho, quis dar este sinal de esperança [ao antecipar o pagamento do subsídio de Natal, praticamente com 15 dias de antecedência”, disse.

A Lusa questionou a Câmara do Porto sobre a disponibilidade para antecipar o pagamento deste subsídio, mas até ao momento sem sucesso.

Portugal Continental entrou esta segunda-feira em estado de emergência, pela quarta vez desde o início da pandemia de Covid-19, estando em vigor um conjunto de medidas, algumas apenas aplicáveis aos 121 concelhos de maior risco de contágio pelo novo coronavírus.

Entre as novas medidas que entraram em vigor esta segunda-feira está o recolhimento obrigatório noturno nos 121 municípios, entre as 23h e as 05h. Nestes concelhos, nos próximos dois fins de semana, também haverá limitações à circulação na via pública a partir das 13h e até às 05h dos dias seguintes. A par destas regras, outras medidas estavam já em vigor desde o início do mês para estes concelhos, como a obrigatoriedade do teletrabalho, sempre que as funções o permitam. As medidas aplicadas aos 121 concelhos afetam 7,1 milhões de pessoas, correspondente a 70% da população de Portugal, dado que os 121 municípios incluem todos os concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. O estado de emergência está em vigor até às 23h59 do dia 23 de novembro. Portugal contabiliza pelo menos 2.959 mortos associados à Covid-19 em 183.420 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).