Donald Trump concedeu esta quarta-feira indulto ao seu antigo conselheiro de segurança nacional, Michael T. Flynn. A notícia foi avançada durante a tarde pelos jornais Axios e The New York Times e agora confirmada pelo Presidente dos EUA nas redes sociais.
No Twitter, Trump afirma que “é uma grande honra anunciar” o perdão do General Michael T. Flynn. “Parabéns a @GenFlynn [nome de utilizador de Flynn] e à sua família maravilhosa, eu sei que agora terá um Dia de Ação de Graças verdadeiramente fantástico”, continuou.
It is my Great Honor to announce that General Michael T. Flynn has been granted a Full Pardon. Congratulations to @GenFlynn and his wonderful family, I know you will now have a truly fantastic Thanksgiving!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 25, 2020
O antigo conselheiro de segurança nacional de Trump, Michael Flynn, chegou a declarar-se culpado por duas ocasiões de ter mentido ao F.B.I. relativamente às conversas que tivera com um diplomata russo. As conversas decorreram durante a transição Presidencial de Barack Obama para Donald Trump, no final de 2016, e no início de 2017. O caso levou aliás à saída de Michael Flynn logo no 24º dia de Trump como Presidente.
Flynn foi o único funcionário ou ex-funcionário da Casa Branca a declarar-se culpado durante o inquérito liderado pelo procurador Robert S. Mueller III, relativo à investigação sobre a interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, que opuseram Trump a Hillary Clinton.
Trump diz que Michael Flynn não fez nada de ilegal, mas que teve de o despedir por mentir ao FBI
O antigo conselheiro de Trump discutiu com o embaixador russo Sergey Kislyak as sanções impostas pela administração de Barack Obama à Rússia, na sequência da interferência russa nas eleições americanas (pela divulgação de e-mails roubados ao Partido Democrata), e também os modos de estreitar futuramente os laços entre os dois países.
A inquirição a Flynn, porém, motivou críticas, dado que este foi inquirido por agentes do FBI sem o seu advogado presente. A equipa de advogados do antigo conselheiro de Trump tentou retirar recentemente a confissão de culpa, queixando-se de irregularidades processuais e de um condicionamento que teriam levado à declaração de culpado.
O caso foi entretanto revisto e um procurador federal recomendou que as acusações fossem retiradas, considerando que o interrogatório do FBI no qual Michael Flynn mentiu foi “conduzido sem qualquer base legitima de investigação”. O Departamento de Justiça norte-americano tentou retirar as acusações mas a recomendação não foi acolhida pelo juiz responsável, Emmet G. Sullivan, que pediu aconselhamento a peritos externos. O caso estava, assim, ainda pendente.
O meio de comunicação que avançou a notícia, o Axios, lembra que Michael Flynn é visto por muitos apoiantes de Trump como uma vítima de retaliação política levada a cabo pela administração Obama por Trump ter vencido as eleições. E recorda que já este ano Trump decidira alterar (reduzindo-a) a pena de Roger Stone, republicano que foi um dos seus principais estrategas de campanha nas eleições de 2016 e que foi acusado na investigação Mueller.
A acusação a Roger Stone tinha-se substanciado em sete crimes — um de obstrução à justiça, outro de condicionamento de testemunhas e cinco de prestação de falso depoimento — e imputava ao republicano a “posse de emails roubados” que fragilizaram a candidata Democrata à eleição, Hillary Clinton.
No caso de Michael Flynn, o The New York Times lembra que Donald Trump começou por distanciar-se do seu à época conselheiro aquando da renúncia deste ao cargo, mas mais recentemente descreveu-o como “um homem inocente” que para Trump serviu de arma a investigadores e políticos que tinham como objetivo “derrubar um Presidente”.
É habitual os Presidentes norte-americanos concederem indultos e comutarem (reduzirem) penas antes de abandonarem a Presidência do país. Nos EUA os indultos são mesmo possíveis em casos que ainda estão pendentes e que ainda não foram julgados. Os analistas creem, contudo, que Donald Trump poderá vir a emitir uma série de indultos e comutações a um conjunto significativo de apoiantes e antigos aliados condenados por crimes federais.
Notícia atualizada às 21h42 com a confirmação de Donald Trump.