Milhares de manifestantes juntaram-se este domingo, em Chisinau, ao apelo da nova presidente eleita pró-europeia, Maia Sandu, para exigir a renúncia do governo e a dissolução do parlamento da Moldávia.

Pelo menos 20 mil manifestantes reuniram-se no centro da capital moldava, segundo estimativa comum da organização do protesto e da agência noticiosa AFP presente no local.

Os manifestantes, usando máscaras sanitárias contra o covid-19, gritaram “Renúncia!”, “Eleições antecipadas! e “Abaixo os ladrões, abaixo a corrupção!”

Maia Sandu deve assumir a chefia do Estado no final de dezembro à frente desta pequena ex-República soviética, situada entre a Ucrânia e a Roménia, depois de, com alguma surpresa, ter vencido as eleições presidenciais, em novembro, superando o candidato pró-russo Igor Dodon.

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A AFP, presente no local, dá ainda nota de uma grande presença de forças de segurança, com centenas de elementos armados a guardar a sede do governo moldavo.

Entretanto, a oposição já se manifestou esta semana contra as novas leis (pós-eleitorais) que reduzem os poderes presidenciais.

Uma dessas leis, nomeadamente, transfere o controlo dos serviços de segurança (SIS) para os deputados, o que Maïa Sandu e os seus apoiantes consideram ser uma forma de reduzir o papel da Presidência, em detrimento do Parlamento, controlado por Dodon.

Falando na manifestação hoje, a presidente eleita disse: “Igor Dodon não quer admitir a derrota. Ele quer incendiar o país, causar caos, isolar a Moldávia internacionalmente! Para isso, ele serve-se de ladrões e funcionários corruptos do Parlamento”.

“Queremos que a Moldávia se desenvolva, para que todos os ladrões vão para a cadeia e os cidadãos do país vivam em paz e harmonia”, adiantou a nova presidente eleita, ao som de vivas e gritos como “Maïa Sandu Presidente!” e “Nós somos o povo!”.

A Moldávia está dividida entre os adeptos da reaproximação a Moscovo e os que apoiam a integração europeia, em particular através das ligações do país com a vizinha Roménia.

A chegada ao poder de Maia Sandu assinalou um revés para a Rússia, ansiosa por preservar a sua influência sobre o país e cujo exército está implantado na Transdniestria, um território pró-russo que se separou da Moldávia.

O regime de Putin apoiou abertamente o presidente moldavo em exercício, Igor Dodon.

A ex-primeira-ministra pró-europeia, Maïa Sandu, norteou a sua campanha na luta contra a corrupção neste país com 3,5 milhões de habitantes, sendo um dos mais pobres da Europa.