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Waldschmidt entrou, saltou e lembrou-se de Suzanne Vega para cantar: "My name is Luca" (a crónica do Benfica-P. Ferreira)

Este artigo tem mais de 3 anos

Benfica foi para o intervalo a perder, nunca conseguiu dominar por completo o jogo e chegou à vitória graças a um golo de Waldschmidt no último minuto. Encarnados ficam a dois pontos do Sporting (2-1)

SL Benfica v FC Pacos Ferreira - Liga NOS
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O avançado alemão entrou na segunda parte e acabou por decidir a partida

NurPhoto via Getty Images

O avançado alemão entrou na segunda parte e acabou por decidir a partida

NurPhoto via Getty Images

Já foi no verão, já foi há vários meses, mas o assunto continua a fazer correr muita tinta — principalmente no Brasil. A saída de Jorge Jesus do Flamengo, em pleno arranque da nova temporada e depois de uma outra em que tinha conquistado o Brasileirão, tinha conquistado a Libertadores e tinha chegado à final do Mundial de Clubes, chocou o futebol brasileiro e deixou uma nação inteira orfã do treinador português. E é por isso que, ainda esta semana, a Globo não deixava esquecer o tema e transmitiu uma reportagem especial sobre os motivos da decisão de Jesus.

Segundo o trabalho do canal brasileiro, o desgaste na relação entre o treinador e Gabriel Barbosa, uma das figuras do Flamengo na temporada passada, terá sido o principal motor da saída de Jorge Jesus. A reportagem explica então que, algumas semanas antes de o técnico oficializar o regresso ao Benfica, Gabigol abandonou um treino por estar farto das consecutivas correções de Jesus. No dia seguinte, quando foi questionado sobre o assunto e incentivado a pedir desculpa ao grupo, respondeu de forma assertiva: “Cada um sabe de si”. O trabalho da Globo adianta ainda que, apesar de o anúncio oficial da saída de Jorge Jesus só ter sido feito pelo Flamengo a 17 de julho, o treinador informou que ia deixar o Brasil antes do jogo contra o Boavista, para o Campeonato Carioca, a 1 de julho — ou seja, 17 dias antes.

Ficha de jogo

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Benfica-P. Ferreira, 2-1

9.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, em Lisboa

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Vertonghen, Nuno Tavares, Rafa (Pedrinho, 78′), Weigl (Gabriel, 45′), Taarabt (Chiquinho, 78′), Everton (Waldschmidt, 59′), Pizzi (Seferovic, 45′), Darwin

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Jardel, João Ferreira, Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

P. Ferreira: Jordi, Fernando Fonseca, Marcelo, Maracás (Marco Baixinho, 74′), Oleg, Stephen Eustáquio, Diaby (Luiz Carlos, 63′), Hélder Ferreira (Zé Uilton, 63′), Bruno Costa, Luther Singh (João Amaral, 74′), Douglas Tanque (João Pedro, 85′)

Suplentes não utilizados: Zé Oliveira, Martín, Adriano Castanheira, Lucas Silva

Treinador: Pepa

Golos: Oleg (24′), Rafa (58′), Waldschmidt (90+4′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Stephen Eustáquio (66′), a Jordi (72′), a Otamendi (75′), a Zé Uilton (78′)

Fast forward para esta semana e para o pós-apuramento para os 16 avos de final da Liga Europa, que aconteceu na passada quinta-feira graças à goleada imposta aos polacos do Lech Poznan na Luz. Este domingo, de regresso à realidade portuguesa, o Benfica tinha a oportunidade de chegar mais perto da liderança, graças ao empate do Sporting em Famalicão, e colocar-se a dois pontos do primeiro lugar da classificação. Para isso, porém, era preciso vencer o P. Ferreira de Pepa, uma das equipas sensação desta temporada que já derrotou o FC Porto e que, à entrada para o jogo, tinha apenas menos quatro pontos do que os encarnados.

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Um encontro que, na antevisão, acabou por levantar a questão de Jorge Jesus nunca colocar Gabriel e Weigl a jogar em simultâneo. Com clara preferência pelo brasileiro, o técnico encarnado já colocou Samaris, Chiquinho e Pizzi na zona intermédia — mas nunca o alemão. E é capaz de explicar o motivo. “Compatíveis são. Mas são compatíveis quando, como e onde? Essa é que é a questão. Em muitos jogos não são compatíveis, só em alguns. São jogadores com características muito diferentes. Na minha opinião. Afinal, quem forma as ideias são os treinadores, pelos menos os que conseguem. Portanto, quando se analisa a forma de jogar de um atleta, tem de se analisar para o trabalho que o treinador faz com esse dito atleta. Não basta só analisar o jogador individualmente. Agora o principal é olhar para estratégias e metodologias de treinos”, disse Jesus, deixando a resposta sobre como seria o onze inicial do Benfica contra o P. Ferreira para os instantes antes do apito inicial.

E a resposta teve uma nuance diferente. É que enquanto Jorge Jesus discutia com os jornalistas a possibilidade de usar Gabriel e Weigl em conjunto, Taarabt estava recuperado e de regresso aos convocados. Sem jogar desde o início de novembro, o marroquino saltou diretamente para a titularidade: a surpresa, porém, estava no colega que lhe fazia companhia. Contra o P. Ferreira, Jesus optou por Weigl — que sempre que foi titular foi ao lado de Taarabt — e deixou Gabriel no banco. E em comparação com o último jogo para a Liga, a vitória contra o Marítimo na Madeira, Jesus tirou ainda Seferovic para colocar Darwin, que voltou a marcar na Liga Europa.

Aquilo que o treinador provavelmente não esperava era que não poderia contar com Grimaldo. O lateral espanhol foi convocado, estava no onze inicial que foi divulgado cerca de uma hora antes do apito inicial mas lesionou-se no aquecimento, motivando o salto de Nuno Tavares para a titularidade. O Benfica começou bem e até teve a primeira verdadeira oportunidade de golo, com Jordi a evitar com a coxa um remate de Darwin depois de um bom trabalho de Rafa (6′). Ainda assim, o primeiro remate do jogo foi do P. Ferreira, por intermédio de Oleg (3′) — o que não deixou de ser um prenúncio daquilo que ainda estava por acontecer.

Os encarnados mantiveram-se por cima do jogo durante o quarto de hora inicial, com mais bola e presença absoluta no meio-campo adversário, mas parecia existir uma dificuldade constante na hora de fazer entrar o último passe para originar situações de finalização. O P. Ferreira defendia com uma linha primária de quatro elementos, a demonstrar a vontade de querer desdobrar a equipa em lances de transição rápida e não de manter o grosso do grupo fechado no último terço. Foi por aí que apareceu a primeira grande oportunidade da equipa de Pepa, através de um cruzamento a meia altura de Luther Singh, na esquerda, que encontrou a cabeça de Douglas Tanque na antecipação a Otamendi (14′). Vlachodimos, praticamente por instinto, evitou o golo.

O Benfica respondeu com um remate ao poste de Pizzi, depois de um perda de bola em zona proibida por parte do P. Ferreira (19′), mas seriam os pacenses a abrir o marcador. Canto cobrado na esquerda, Vlachodimos afastou com os punhos, Rafa falhou o domínio e Pizzi ficou parado na hora de cobrir o erro do colega: Oleg, vindo de trás, atirou um autêntico míssil de pé esquerdo e fez o primeiro do jogo (24′). No instante seguinte, o P. Ferreira ficou muito perto de aumentar a vantagem, com um remate de Douglas Tanque em posição frontal para a baliza que passou por cima da trave (25′), e o Benfica dominou o que restou da primeira parte, ainda que sem grande capacidade para causar muito perigo. Rafa ainda obrigou Jordi a outra defesa (42′), Taarabt rematou ao lado (45+2′) e Maracás falhou a baliza de cabeça (45+2′) e o jogo foi mesmo para o intervalo com o P. Ferreira a ganhar na Luz.

Nesta altura e no fim da primeira parte, ficava principalmente a ideia de que o problema do Benfica não estava na defesa, que acabou por não ter culpa no golo sofrido, nem no ataque, que desperdiçou algumas oportunidades mas não teve bola suficiente para conseguir fazer a diferença. O problema da equipa de Jorge Jesus, aparentemente, residia no meio-campo: que defendia de forma deficiente, atacava de forma lenta e displicente e não conseguia funcionar como a balança que tem de ser numa equipa que é candidata ao título.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Benfica-P. Ferreira:]

Logo ao intervalo, Jorge Jesus mexeu precisamente no setor intermédio, ao trocar Weigl por Gabriel, mas também tirou Pizzi para lançar Seferovic e tentar ganhar alguma presença na área. A lógica, porém, manteve-se: o Benfica tinha mais bola mas não conseguia fazer nada com ela, o P. Ferreira aproveitava todos os erros defensivos dos encarnados para se aproximar da baliza. Primeiro foi Luther Singh, com um remate ao lado (50′), depois foi Douglas Tanque, a atirar por cima (55′) — ambos os lances foram precedidos de perdas de bola de Gabriel. Quando Jesus já preparava a entrada de Waldschmidt, porém, o golo acabou por aparecer através da melhor jogada do Benfica em toda a partida.

Bruno Costa foi desarmado na zona da linha do meio-campo, Rafa imprimiu velocidade no lance e conduziu o contra-ataque, tirando Eustáquio da frente com um pormenor delicioso antes de solicitar Gilberto no corredor direito. O lateral brasileiro devolveu ao avançado, que já na grande área atirou rasteiro para empatar a partida (58′). A substituição manteve-se, Waldschmidt entrou para o lugar de Everton e Pepa reagiu ao lançar os experientes Zé Uilton e Luiz Carlos, de forma a segurar o meio-campo e não perder, pelo menos, o ponto.

Depois do empate, o jogo arrastou-se por um período de menor discernimento, com muitas paragens e até o Benfica criar duas oportunidades clamorosas e consecutivas que empurraram o P. Ferreira para trás. Seferovic atirou ao lado, na sequência de um passe de Gilberto (70′), e Darwin acertou com estrondo na trave com um remate muito violento de fora de área (72′), prolongando-se assim o empate na Luz. Até aos descontos, a partida desdobrou-se em faltas, interrupções, cartões amarelos e substituições, sem praticamente nada de produtivo por parte das duas equipas.

No quarto e último minuto de descontos, Gabriel soltou um cruzamento largo e algo desesperado à procura de um desvio na grande área e Waldschmidt, nas alturas, conseguiu empurrar para dar a vitória ao Benfica e agarrar os importantes três pontos para a equipa de Jorge Jesus. Os encarnados sofreram mas conseguiram aproveitar as escorregadelas do Sporting e do Sp. Braga (que perdeu com o Belenenses SAD) para saltar para um isolado segundo lugar e ficar a apenas dois pontos da liderança dos leões. Ainda assim, os problemas deste Benfica são claros: os problemas de construção, os problemas de criatividade, os problemas de intensidade e os problemas de eficácia, aos quais Rafa escapa quase sozinho. Valeu Waldschmidt, que entrou, saltou e lembrou-se da música de Suzanne Vega para cantar: “My name is Luca”.

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