Mais do que as imagens do choque, o barulho que ecoou naquele segundo num Emirates Stadium vazio tornou-se no mínimo arrepiante. David Luiz, ainda atordoado e com o sangue a escorrer, foi tentando colocar-se de joelhos, Raúl Jiménez ficou no relvado e esteve mais de dez minutos a ser assistido até ser conduzido de urgência para o hospital, onde foi operado de emergência a uma fratura no crânio. O homem ficou de imediato à frente do jogador, o sucesso da intervenção superou qualquer outra questão que se pudesse colocar, começa agora a pensar-se no que será do Wolverhampton sem o mexicano nos próximos tempos. E Nuno Espírito Santo terá de voltar a mudar.
“Continuamos na expectativa, porque é algo muito complicado, mas graças à força do Raúl está a progredir bem. O que nos disseram foi que não terá sequelas e que é uma questão de tempo para iniciar a reabilitação física. Está animado e motivado”, explicou o pai do antigo jogador do Benfica, Raúl Jiménez Sr., à margem de um evento no México, no dia em que o avançado visitou pela primeira vez a equipa, antes do jogo com o Aston Villa. “Não falou em voltar mas deve ter sentido esse desejo de voltar no interior. Esse é o passo mais importante que já deu, sentir isso. Terá todo o tempo à vontade. O Raúl é um jogador que deve estar no campo, talentoso, bom e importante para nós. Agora tem de dar descanso ao corpo para depois voltar. Ficámos tão preocupados que agora é mesmo muito bom ver que está connosco. Teve um grande significado vê-lo, abraçá-lo, ver o seu sorriso, ver o seu progresso”, assumiu o técnico, resumindo o regresso do mexicano ao centro de treinos.
Raul Jiménez está “confortável” depois de operação à cabeça por choque com David Luiz
Depois de ser fiel a um 3x4x3 ou 3x5x2 mediante a ideia do jogo que tinha para o encontro, sistemas que deram um resultado bem visível no crescimento do Wolves para subir ao primeiro escalão, consolidar-se na Premier League e voltar até à Liga Europa, Nuno tem experimentado mais vezes esta época uma defesa a quatro com um reforço do meio-campo e laterais (Nelson Semedo, Marçal, Jonny Otto e Rayan Ait Nouri) que permitem em qualquer fase mexer em termos táticos mediante aquilo que se quer em determinado momento. Todavia, em qualquer esquema, o mexicano era provavelmente o jogador mais complicado de substituir. E se a goleada sofrida em Anfield frente ao Liverpool não era o melhor exemplo para se perceber essa ausência, seguia-se o Aston Villa.
É tempo de ficar em casa: e isso é exatamente aquilo que o Liverpool faz melhor
Com Adama Traoré, Pedro Neto e Podence a jogarem de início diante do campeão inglês, entrando mais tarde Fábio Silva quando já perdia por 2-0, a parte ofensiva não funcionou também porque o resto teve dificuldades a mais para enfrentar que nem o reforço do meio-campo com Dendoncker, Moutinho e Rúben Neves em simultâneo conseguiu resolver. Agora, abdicou de Rúben Neves para montar um 4x2x3x1 (João Moutinho, titular ao lado de Dendoncker, seria expulso por acumulação de amarelos aos 90+5′) com Podence nas costas de Fábio Silva e a dupla Traoré e Pedro Neto nas alas. E esteve bem em quase todo o jogo, com Podence a encher o campo a assistir, a rematar e a fazer jogar mas sem ninguém para materializar as constantes vantagens que o internacional português foi criando no último terço do Aston Villa, que acabaria por ganhar o encontro nos descontos. Segundo jogo sem Raúl Jiménez, segunda derrota. Pior do que isso, segundo jogo sem conseguir marcar golos.
???????????????????????????? Wolves ???? Aston Villa
Demonstração de talento de Daniel Podence ???????? não foi suficiente para a vitória, mas o prémio MVP não lhe fugiu ⭐️
Os ratings dos outros "tugas":
???????? Nélson Semedo: 6.6
???????? Pedro Neto: 6.3
???????? Fábio Silva: 5.6
???????? João Moutinho: 5.1
???????? Rui Patrício: 5.0 pic.twitter.com/J039WPWP3W— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) December 12, 2020
Numa primeira parte muito disputada a meio-campo, o Wolves conseguiu as melhores oportunidades apenas no último quarto de hora, com Martínez a fazer uma grande defesa a remate de Podence de fora da área após trabalho individual antes de travar também uma tentativa de Dendoncker e ver mais um remate do avançado português passar muito perto do poste. O segundo tempo trouxe características diferentes, com um jogo mais partido, com aproximações com perigo de ambos os conjuntos, e Podence a inventar mais um grande lance que terminou com um remate na passada de Fábio Silva que bateu no poste, naquela que foi a melhor oportunidade do encontro (70′) depois de Rui Patrício voltar a salvar os visitados com uma intervenção apertada a remate de Watkins (66′) e ante de Martínez fazer a defesa do jogo após tiro de Dendoncker assistido de letra por Pedro Neto (80′). O nulo parecia um resultado inevitável até que Nelson Semedo cometeu uma grande penalidade nos descontos com o Aston Villa reduzido a dez por expulsão de Douglas Luiz, aproveitada por El Ghazi para fazer o 1-0 final (90+4′).
4 – Anwar El Ghazi's penalty was Aston Villa's fourth 90th minute winner in the Premier League since the start of the last season, double that of any other side. Closing. pic.twitter.com/Qbtwyq0Njo
— OptaJoe (@OptaJoe) December 12, 2020