“Not counted”. O jogador colocado no segundo lugar pelo capitão da Etiópia, Gebeto Getaneh Kebede, terá sido o único que não estava nos 11 nomeados pela FIFA, o que fez com que o voto não fosse contabilizado. De resto, tudo normal mas com algumas surpresas: se é verdade que Robert Lewandowski dominou em toda a linha as votações para melhor jogador, Klopp e Flick ficaram empatados como melhor treinador e o órgão teve de ir ao primeiro fator de desempate para dar o troféu ao técnico do Liverpool. Mas houve mais para contar sobre as votações.

Lewandowski ganha prémio The Best, Ronaldo eleito para o Melhor Onze mundial do ano

Um pormenor: Rui Costa fez parte do painel que escolheu o golo de Son, sul-coreano do Tottenham, como o melhor do ano para vencer o Prémio Puskas, a par de outros pesos pesados do futebol masculino e feminino como Bebeto, Jenny Bindon, Aya Miyama, Jay-Jay Okocha, Heather O’Reilly, Marinette Pichon, Peter Schmeichel, Alan Shearer, Clémentine Touré e Iván Zamorano. Já Nuno Gomes integrou o júri que deu o prémio de Adepto do Ano ao brasileiro Marivaldo Franciso da Silva, juntamento com Pablo Aimar, Juan Pablo Ángel, Katie Chapman, Maribel Domínguez, Manon Melis, Mbo Mpenza, Perpetua Nkwocha, Christie Pearce Rampone, Jean Sseninde, Luke Wilkshire e Ivan Vicelich. Sobre as votações de capitães e selecionadores, sete conclusões.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Lewandowski foi The Best porque foi melhor. Mas há mais quatro razões para Ronaldo não ter ganho

Qual foi a diferença da vitória de Lewandowski em 2020?

No total da pontuação final, Lewandowski ganhou “apenas” por 14 pontos a Ronaldo (52-38) e por 17 a Lionel Messi (35) mas nos pontos que foram distribuídos por capitães, selecionadores, jornalistas e adeptos essa diferença foi maior: 631 pontos entre capitães contra 259 de Ronaldo e 207 de Messi; 554 pontos entre selecionadores contra 186 de Ronaldo e 196 de Messi; 807 pontos entre a imprensa contra 153 de Ronaldo e 103 de Messi; e 679,997 entre os adeptos contra 457,905 de Ronaldo e 356,950 de Messi. Conclusão? O polaco ganhou sempre.

Em quem votaram os países dos três primeiros classificados?

Uma curiosidade logo à cabeça: enquanto Ronaldo votou em Lewandowski e Messi, nem Lewandowski nem Messi votaram em Ronaldo. Por partes: o português, que exerceu o voto como capitão da Seleção, deu cinco pontos a Lewandowski, três a Messi e um a Kylian Mbappé. Fernando Santos, selecionador nacional, votou em Ronaldo, Lewandowski e Neymar, ao passo que Vítor Serpa, diretor do jornal A Bola e representante dos media portugueses, optou por Lewandowski, Ronaldo e Sergio Ramos. Já o argentino do Barcelona deu cinco pontos a Neymar, três a Mbappé e um a Lewandowski, enquanto o selecionador Lionel Scaloni optou por Sadio Mané, Messi e Neymar e o jornalista Héctor Claudio Mauri escolheu Lewandowski, Thiago Alcântara e Messi. Por fim, o polaco do Bayern deu cinco pontos a Thiago Alcântara, três a Neymar e um a De Bruyne, enquanto o selecionador Jerzy Brzeczek nomeou Lewandowski, Mbappé e De Bruyne e o jornalista Michal Pol foi por Lewandowski, Neymar e Salah. Conclusão? Ninguém da Argentina e da Polónia votou em Ronaldo, todos os portugueses votaram em Lewandowski.

Quem colocou Ronaldo como The Best?

Apesar de ter terminado na segunda posição, Ronaldo foi nomeado por vários envolvidos na votação como o melhor do ano. Entre os capitães, 25 deram cinco pontos ao português: Belize (Woodrow Wilson West), Bolívia (Marlos Moreno), Bulgária (Petar Zanev), Cabo Verde (Marco Soares), Cambodja (Visal Soeuy), Equador (Enner Valencia), Ilhas Faroé (Hallur Hansson), Hong Kong (Yang Huang), Indonésia (Andritany Ardhiyasa), Irão (Ehsan Hajsafi), Iraque (Alaa Abdul-Zahra), Itália (Chiellini), Líbia (Ahmed El Trbi), Macau (Nicholas Torrão), Myanmar (Kyaw Zin Htet), Nicarágua (Juan Barrera), Papua Nova Guiné (Michael Foster), Porto Rico (Sidney Rivera), São Tomé e Príncipe (Joazhifel Pontes), Serra Leoa (Yeami Dunia), Sudão do Sul (Peter Manyang), Tonga (Sione Uhatahi), Ilhas Turcas e Caicos (Billy Forbes), Emirados Árabes Unidos (Ali Alhosani) e Vanuatu (Brian Kaltak). Entre os selecionadores, Ronaldo foi o melhor para os técnicos de Samoa Americana, Angola, Bahrain, Bangladesh, Belize, Camarões, Chipre, Líbia, Lituânia, Macau, Moçambique, Niger, Irlanda do Norte, Papua Nova Guiné, Portugal, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa, Venezuela e Iémen, muitos deles portugueses lá fora.

Como votaram os antigos companheiros de equipa de Ronaldo?

Giorgio Chiellini, capitão da seleção italiana e companheiro de equipa na Juventus, votou em Ronaldo para ganhar o prémio The Best mas os outros antigos colegas do português no Real Madrid “esqueceram” o avançado: Luka Modric, capitão da Croácia, escolheu Lewandowski, Sergio Ramos e Salah; Sergio Ramos, capitão de Espanha, escolheu Lewandowski, Thiago Alcântara e Neymar; Gareth Bale, capitão do País de Gales, escolheu Lewandowski, Thiago Alcântara e Sadio Mané. Mkhitaryan, Eden Hazard, Edin Dzeko, Thiago Silva, Choupo-Moting, Falcao, Bryan Ruíz, Harry Kane, Lloris, Neuer, Gunnarsson, Guardado, Jovetic, Saïss, Van Dijk e Oblak foram outros dos capitães a atuar nos principais campeonatos europeus que não colocaram o capitão da Seleção no pódio.

Houve atribuições de primeiro lugar para quem não tenha entrado no top 1o?

Sim. Neste caso, e além dos dez primeiros classificados no prémio de 2020 (Lewandowski, Ronaldo, Messi, Sadio Mané, Kevin de Bruyne, Salah, Mbappé, Thiago Alcântara, Neymar e Van Dijk), houve apenas mais um jogador nomeado, Sergio Ramos, capitão do Real Madrid e da Espanha, que ganhou quatro vezes os cinco pontos de votação escolhido pelo selecionador da Suécia, Jan Anderson (mais De Bruyne e Van Dijk); pelo selecionador do Madagáscar, Nicolas Dupuis (mais Lewandowski e Mané); pelo jornalista da Gâmbia, Baboucarr Camara (mais Mané e Lewandowski); e pelo jornalista do Gibraltar, Stephen Ignacio (mais Messi e Thiago Alcântara).

Klopp e Flick acabaram empatados. O que desempatou a luta?

Houve um caso insólito que nunca tinha acontecido nas votações da FIFA e que obrigou pela primeira vez a que se usasse o primeiro critério de desempate previsto no regulamento. Expliquemos: na ponderação das votações, Hansi Flick recebeu a pontuação máxima entre adeptos e imprensa com sete pontos e a segunda melhor entre capitães e selecionadores, ao passo que Jürgen Klopp teve a pontuação máxima entre capitães e selecionadores com sete pontos e a segunda melhor entre adeptos e imprensa. Os dois técnicos alemães ficaram assim com um total de 24 pontos, com o fator de desempate a ser a votação dos treinadores, onde o técnico do Liverpool foi melhor.

Em quem votaram Ronaldo e Fernando Santos para treinador?

Cristiano Ronaldo e Fernando Santos coincidiram apenas num ponto na votação para melhor treinador do ano: ambos colocaram o espanhol Julen Lopetegui, vencedor da Liga Europa e quarto classificado da Liga no comando do Sevilha, na terceira posição. De resto, o capitão colocou Hansi Flick como melhor do ano seguido do francês Zinedine Zidane (antigo treinador no Real Madrid), ao passo que o selecionador votou em Jürgen Klopp como melhor do ano seguido de Hansi Flick. Nenhum votou em Marcelo Bielsa, que terminaria em terceiro.