Uma atualização na política de privacidade da empresa detida pelo Facebook é a causa da polémica que levou milhares de utilizadores a procurar aplicações de troca de mensagens alternativas. Mas o WhatsApp garante: “A atualização da política não afeta a privacidade das mensagens que troca com amigos ou familiares de forma alguma”, lê-se no The Verge.

Em resposta aos acontecimentos da última semana, o WhatsApp disponibilizou uma nova página de perguntas frequentes no seu site, clarificando as posições da empresa relativamente à privacidade dos utilizadores. A medida chega depois de a empresa ter recebido milhares de reações contra a atualização da política de privacidade – que entrará em vigor no próximo dia 8 de Fevereiro – e que está relacionada com os procedimentos de partilha obrigatória de dados do WhatsApp com a empresa mãe, o Facebook.

Contudo, sabe-se agora que a informação sobre a atualização das políticas do WhatsApp não corresponde ao plano da empresa, nomeadamente no que às conversas entre utilizadores ou informação dos perfis diz respeito. Ao invés disso, esclarece agora o WhatsApp, a mudança foi projetada para explicar como as empresas que usam a plataforma para atendimento ao cliente podem armazenar logs (arquivos que têm informação sobre várias ocorrências e eventos de um sistema) das suas conversas nos servidores do Facebook.

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Os esclarecimentos chegam numa altura em que milhares de utilizadores decidiram abandonar o serviço e procurar alternativas, nomeadamente o serviço de mensagens Telegram – que nos últimos quatro dias ultrapassou os 500 milhões de utilizadores com 25 milhões de usuários só em 72 horas – e o Signal, outro concorrente do WhatsApp, que na semana passada foi descarregado da App Store 7,5 milhões de vezes e que tem por detrás vozes como Elon Musk ou Edward Snowden.

Numa tentativa de esclarecer o mal entendido e conter os danos provocados pela deserção, os executivos do WhatsApp e outros da família Facebook recorreram às redes sociais, como aconteceu com Andrew Bosworth, Adam Mosseri ou Will Cathcart.

“Quero partilhar convosco o quanto todos no @WhatsApp estão comprometidos em fornecer comunicação privada para dois mil milhões de pessoas em todo o mundo. Com a criptografia de ponta a ponta, não podemos ver as suas conversas ou chamadas privadas e nem o Facebook pode. Estamos comprometidos com esta tecnologia e comprometidos em defendê-la globalmente”, escreveu o último no Twitter na passada sexta.

A página de perguntas frequentes recém criada também enfatiza que nem o Facebook nem o WhatsApp leem os registos de mensagens dos usuários ou ouvem as suas chamadas, e que o WhatsApp não armazena dados de localização do utilizador nem compartilha informações de contacto com o Facebook. A nova política de privacidade do WhatsApp tem, na Europa, contornos diferentes já que as leis europeias da proteção de dados são bastante mais limitadas do que, por exemplo, nos Estados Unidos.

A 8 de janeiro, vários meios de comunicação (incluindo o Observador) noticiaram que o WhatsApp ia passar a obrigar os utilizadores a compartilhar dados pessoais com o Facebook. Logo nessa data, escrevia-se que o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, que entrou em vigor em 2018, impedia que os dados dos utilizadores na União Europeia sejam partilhados com terceiros, nomeadamente com a empresa liderada por Mark Zuckerberg. Portanto, UE ficava de fora desta partilha bem como o Reino Unido.

WhatsApp obriga utilizadores a partilhar dados com o Facebook. UE e Reino Unido ficam de fora da medida

*Título atualizado para esclarecer que os dados eram relativos às conversas