As reservas de sangue em Portugal estão a atingir níveis preocupantes. Segundo o Instituto Português do Sangue e da Transplantação, citado pelo Correio da Manhã, o stock referente ao tipo B- já só chega para quatro dias e o de tipo 0-, A+ e A- só serve para responder a uma semana de necessidades hospitalares.

Alberto Mota, presidente da Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepodabes), reforça que esta situação “pode piorar com o confinamento”, mesmo tendo em conta que a doação de sangue é permitida dentro da situação de confinamento que se vive neste momento.”Empresas onde eram feitas recolhas estão agora em teletrabalho, há entidades (como os bombeiros) que já não permitem a recolha nas suas instalações e as unidades móveis também não podem circular”, afirma o dirigente da Fepodabes, que apela à dádiva.

Ainda assim, Noel Carrilho, cirurgião e presidente da Federação Nacional dos Médicos, defende que por enquanto os hospitais não estão a sentir limitações a este nível, mas lembra que o número de cirurgias realizadas “baixou significativamente” para dar resposta à pandemia, daí o consumo de sangue ter abrandado.

“Vi o stock como nunca tinha visto”

Também Álvaro Beleza, diretor do serviço de sangue do Hospital Santa Maria, revelou que as reservas de sangue estão a níveis mínimos em Portugal. Os tipos de sangue onde as reservas são mais críticas são os A+, A- e O- com folga de 4 a 7 dias. “Vi o stock de sangue como nunca tinha visto”, descreve.

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Para Álvaro Beleza, a pandemia e o confinamento estão na origem da falta de sangue nos hospitais: “Os dadores acanham-se um pouco. Estamos numa situação difícil, porque temos de continuar os doentes com cancro e com outras patologias”, disse na Edição da Noite, na SIC Notícias.

A Covid-19 também veio afetar as reservas de sangue, principalmente no tipo A. Segundo alguns estudos, as pessoas com este tipo de sangue sofrem mais complicações decorrentes do novo coronavírus.

Tendo em conta a situação que “levanta muita preocupação” — o médico diz mesmo que “nunca viu nada assim” –, Álvaro Beleza apela aos dadores se dirijam aos hospitais para dar sangue. E reforça a segurança do ato: “É seguro, é dos sítios mais seguros, os médicos têm todos os cuidados com os dadores”.

Além disso, “não há nenhuma evidência que alguém possa contrair Covid-19 quando dá sangue“, afirma Álvaro Beleza, que também aponta que dar sangue “é uma das poucas exceções em que as pessoas devem sair de casa”.

Neste momento, as reservas de sangue A+, A- e O- está com folga de 4 a 7 dias. As de O, B+ e AB- chegam para 7 dias. Já o tipo de sangue AB+ tem folga para 10 dias — isto no Hospital Santa Maria.