Ghislaine Maxwell alegadamente ordenou que várias raparigas, todas menores de idade, dançassem e tocassem de forma sexual umas nas outras em frente de Jeffrey Epstein. Os detalhes da “sala cheia de menores” constam em documentos relacionados com o segundo depoimento de Maxwell, os quais foram divulgados na noite de quarta-feira e incluem mais informação sobre o caso daquela que em tempos terá sido a namorada do multimilionário acusado de tráfico sexual em 2019.

Segundo a imprensa britânica, que cita estes documentos, Maxwell chegou a roubar o passaporte de uma jovem que terá recusado ter sexo com Epstein. Os papéis judiciais, discriminados pelo Daily Mail, incluem depoimentos de testemunhas apresentadas pelos advogados de Virgina Roberts, alegada vítima do magnata que foi encontrado sem vida na prisão.

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Uma delas testemunhou precisamente que viu Maxwell a “dirigir uma sala cheia de raparigas menores de idade”, para que estas se beijassem, dançassem e tocassem umas nas outras de forma sexual — um cenário construído para os olhos da ré e de Epstein. Outra testemunha contou como foi recrutada por Maxwell no campus da escola sob o pressuposto de ser sua assistente pessoal. Os verdadeiros motivos revelar-se-iam mais tarde: ter sexo com o magnata. Um homem não identificado testemunhou ainda como Maxwell lhe ligava a pedir que levasse raparigas jovens ao encontro de Epstein.

Identificado está Rinaldo Rizzo, mordomo que trabalhou para um casal milionário conhecido de Epstein. De acordo com os documentos tornados públicos, Rizzo comentou como Epstein e Maxwell trouxeram consigo uma rapariga de origem sueca de apenas 15 anos quando visitaram este casal em Nova Iorque. Rizzo “ficou em lágrimas” quando recordou que Maxwell tinha roubado o passaporte da jovem no sentido de a forçar a ter relações sexuais com Epstein. O mordomo terá encontrado a jovem a chorar na cozinha e ouviu da sua própria boca a forma como foi tratada às mãos de Maxwell e da sua assistente, Sarah Kellen, quando esteve retida na propriedade de Epstein nas lhas Virgens Americanas. De referir que Kellen nega estas acusações e apresenta-se como vítima.

O também britânico The Guardian acrescenta que Maxwell testemunhou em 2016 em como não tinha qualquer memória de algo errado ter acontecido nas propriedades de Epstein nos anos 2000, independentemente das acusações de dezenas de mulheres e jovens. Nesse depoimento, tendo em conta um processo por difamação há muito resolvido, disse que soube das acusações “como toda a gente, como o resto do mundo”, isto é, quando surgiram nas notícias. A informação consta nos papéis divulgados na noite de quarta, onde se lê ainda que a socialite deixou de trabalhar para Epstein porque deixou de “ser feliz” naquele trabalho.

Os documentos em causa — nos quais estão ocultados detalhes da vida sexual da ré, com a juíza Loretta Preska a permitir que os episódios de comportamento adulto consensual permaneçam privados — surgem depois de Maxwell ter pedido, esta semana, a um juiz para encerrar o caso antes do julgamento, marcado para 12 de julho, citando vários motivos, incluindo a existência de um acordo para não processar Epstein. Na segunda-feira à noite era também conhecido que a defesa da socialite britânica queixou-se de falta de diversidade entre os elementos do grande júri.

Socialite Ghislaine Maxwell detida por ligação a Jeffrey Epstein

Aos 59 anos, Maxwell está detida no  Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn desde julho. A acusação divulgada à data referia que Maxwell “ajudou, facilitou e contribuiu para o abuso de raparigas menores por Jeffrey Epstein”, sendo acusada de estar envolvida num esquema com o já falecido magnata entre 1994 e 1997, de maneira a atrair raparigas menores para depois serem abusadas sexualmente. Entre as vítimas estão raparigas que, à data dos eventos, tinham 14 anos.

O escândalo em questão envolve ainda André Windsor — filho da rainha Isabel II e amigo próximo de Maxwell —, depois deste ter sido fotografado em 2010 à porta da mansão de Epstein. André foi posteriormente acusado por Virginia Roberts de ter tido relações sexuais com ela pelo menos três vezes entre 2001 e 2002, altura em que a mulher ainda seria menor.