Após ter sido campeã mundial em 2019, a Dinamarca foi a grande desilusão no Campeonato da Europa de andebol em 2020, sendo afastada logo na primeira fase após uma inesperada derrota com a Islândia e um empate frente à Hungria nos dois primeiros jogos. No entanto, e ao contrário do que acontece nestes contextos, ninguém arriscou falar em fim de ciclo. E bem, acrescente-se: um ano depois, revalidou o título mundial sendo ainda a campeã olímpica em título após a vitória no Rio de Janeiro. Com Mikkel Hansen em destaque, claro. Afinal, tinha voltado a marcar 12 golos na meia-final diante da Espanha, como em 2019. E voltou a ser o melhor marcador da final.

O lateral dinamarquês, que se destaca também pelo estilo Björn Borg de cabelo comprido, foi a chave do triunfo não só a assumir a finalização de primeira linha nos momentos de maior dificuldade ofensiva mas também a ser eficaz nos livres de sete metros e a inventar jogadas fabulosas como a que isolou na ponta Jacobsen para o último golo da equipa no triunfo por 26-24 diante da Suécia. Niklas Landin, com várias intervenções decisivas nos derradeiros 15 minutos (chegando ao final do encontro com um total de 15 defesas), foi também fundamental mas Hansen provou que é não só o melhor jogador da atualidade como um dos melhores de sempre e com o currículo a nível de seleções como poucos conseguem ostentar, terminando com sete golos marcados.

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Depois de uma primeira parte muito equilibrada e com as defesas a conseguirem globalmente ganhar a dois dos melhores ataques ao longo da competição com muitas transições e ataques rápidos, o empate que se registava no final dos 30 minutos iniciais manteve-se durante largos minutos do segundo tempo sem que nenhuma das equipas conseguisse um avanço superior a um golo. E se Mikkel Hansen, como não poderia deixar de ser, foi a grande referência de primeira linha da Dinamarca, os quatro golos seguidos de Jakob Holm a par da troca de 6:0 para 5:1 na defesa começaram a deixar a Suécia mais tarde trás, cavando um fosso de três golos que seria decisivo para um final já em festa com a vitória por 26-24, o décimo triunfo ao longo de toda a competição no Egito.

Aos 33 anos, Hansen, que foi novamente eleito MVP do Mundial como tinha acontecido em 2019, passa a somar com a seleção uma vitória nos Jogos Olímpicos de 2016, duas vitórias em Campeonatos do Mundo depois das derrotas em finais de 2011 e 2013 e uma vitória em Europeus, em 2012 (mais uma final perdida em 2014). E junta a isso inúmeros títulos nacionais entre GOG Gudme e Copenhaga (três Campeonatos e três Taças da Dinamarca), Barcelona (duas Taças e duas Supertaças de Espanha) e PSG (sete Campeonatos, três Taças, três Taças da Liga e quatro Supertaças de França). Todavia, falta ainda um título na carreira, que passa agora a ser o maior objetivo do dinamarquês: ganhar a Liga dos Campeões pelos franceses (e pela primeira vez na carreira), depois da final perdida em 2017 com os macedónios do Vardar e dos terceiros lugares em 2018 e 2020.