A ideia até podia ser boa. Foi pensada, testada e executada uma primeira vez em 2000, estava a ser preparada para uma nova edição, ficou em suspenso. Motivo? O colapso financeiro da empresa International Sport and Leisure, empresa de marketing que estava muito colada à FIFA. Foram pagas compensações, foram pedidas desculpas, foi mantido o acordo de que o órgão que tutela o futebol mundial iria criar uma competição que fizesse a fusão entre o recente (e entretanto suspenso) Mundial de Clubes e Taça Intercontinental – que foi ganha pela última vez pelo FC Porto, ao Once Caldas. Em 2005, voltou e com um novo formato, reduzido para seis equipas (cinco antes tinham sido oito e para 2001 já se projetavam 12) e por eliminatórias e não fase de grupos. Se na primeira edição nem Real Madrid, nem Manchester United chegaram à final, a partir daí houve sempre uma equipa europeia.

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São Paulo e Internacional ainda conseguiram vencer a competição, o Corinthians também surpreendeu o Chelsea em 2012. No entanto, essas foram exceções e não a regra. E tanto assim é que os conjuntos que representavam na competição a UEFA ganharam as últimas sete provas, numa série iniciada pelo Bayern e que teve também Real Madrid, Barcelona e Liverpool. No entanto, e por mais pequena que seja, há sempre uma margem para surpresas. E o Palmeiras de Abel Ferreira foi mais um exemplo disso mesmo, perdendo na primeira meia-final da edição que diz respeito ainda a 2020 frente aos mexicanos do Tigres (pela primeira vez uma equipa da CONCACAF chegou à decisão). Seguia-se agora a entrada do Bayern em cena, frente ao campeão africano Al Ahly.

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A viagem, essa, não começou da melhor forma. Depois de ter reforçado a liderança da Bundesliga após um triunfo frente ao Hertha Berlim que até começou mais cedo do que é normal nos jogos à sexta-feira da prova, os bávaros seguiram de forma direta para o aeroporto mas devido aos problemas com a neve acabaram por ter de pernoitar da meia-noite às 7h dentro do avião antes de rumarem ao Qatar, o que deixou os responsáveis bastante irritados com o sucedido. “Temos a impressão de que as autoridades competentes gozaram connosco. Não têm ideia do que fizeram à nossa equipa”, destacou Karl-Heinz Rummenigge, presidente do campeão germânico.

A viagem demorou, a adaptação também sofreu um revés, a ambição de ganhar a competição não mudou, até por ser o fecho de um ciclo de ouro com Campeonato, Taça, Supertaça, Champions e Supertaça Europeia. No entanto, foi o próprio treinador alemão, Hansi Flick, que descreveu a prova como “um fardo”, tendo em conta a densidade competitiva em 2020/21, as deslocações e os dois jogos em quatro dias. “Não tivemos a melhor preparação, sem dúvida, mas chegámos bem e não vamos dar desculpas. No futebol definimos metas e seguimos em frente, mesmo depois de todos os títulos queremos dar o passo seguinte. O sucesso é um processo e o nosso objetivo é ganhar. Sabemos que é visto como um peso mas estamos motivados”, destacou o técnico campeão europeu.

Das palavras às ações, o Bayern voltou a ser um autêntico rolo compressor ao longo da primeira parte, com o Al Ahly a sentir muitas dificuldades sequer em passar do meio-campo com bola controlada perante uma equipa alemã que voltou a ser tão boa ou melhor sem posse do que com posse. Gnabry, após um cruzamento largo de Pavard na direita, deixou a primeira ameaça antes do golo inaugural do suspeito do costume, Lewandowski, numa jogada que passou pelos pés de Coman, teve assistência de Gnabry e acabou com o remate certeiro do polaco (17′). A pressão dos germânicos para resolverem o encontro manteve-se até ao intervalo, com o guarda-redes El-Shenawy a evitar mais golos entre algumas combinações ofensivas que mereciam um outro desfecho. No segundo tempo, os egípcios tiveram outra acutilância na frente, arriscaram mais na chegada ao último terço mas o perigo junto da baliza de Neuer foi sempre relativo e foi o Bayern a aumentar a vantagem a cinco minutos do final com Leroy Sané a ganhar a linha em velocidade pela direita e a cruzar largo ao segundo poste para o desvio de Lewandowski.