Minuto 65. Luis Díaz apareceu tombado na esquerda e rematou cruzado para uma boa defesa de Matheus. David Carmo, que tentou bloquear o pontapé do colombiano, acabou por sair do lance com uma lesão arrepiante na zona do tornozelo, fruto de um choque inadvertido com o jogador do FC Porto depois de este rematar. O central saiu de ambulância diretamente para o hospital, o avançado foi expulso com vermelho direto depois de Luís Godinho ver as imagens do VAR. Enquanto alguns jogadores empurravam a ambulância, que ficou algo atascada, para fora de campo, o árbitro explicou a decisão a Sérgio Conceição e a Sérgio Oliveira, acabando por expulsar também Luís Gonçalves, diretor-geral dos dragões.

Sérgio Conceição e uma clara sensação de déjà vu em tons de vermelho (a crónica do Sp. Braga-FC Porto)

Minuto 90+7. Já para lá de meio dos 12 minutos de tempo extra compreensivelmente decretados pela equipa de arbitragem, Uribe envolveu-se numa discussão com André Horta, afastou o jogador do Sp. Braga com um empurrão e agrediu Esgaio em seguida, com uma cabeçada. O médio foi também expulso com vermelho direto e deixou o FC Porto reduzido a nove elementos. No mesmo lance, Horta e Esgaio viram cartão amarelo.

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Estes dois momentos, já numa fase adiantada da primeira mão da meia-final da Taça de Portugal, acabaram por marcar um jogo que até aí nem sequer tinha grandes pontos de destaque. Um jogo que, de forma expectável, acabou por motivar muitas críticas à arbitragem por parte do FC Porto — na sequência de uma semana que já tinha sido pautada por comunicados e declarações do clube nesse sentido, no seguimento das atuações dos árbitros da partida contra o Belenenses SAD no Jamor e contra o Sp. Braga também na Pedreira, no domingo, a contar para o Campeonato. Sérgio Conceição, que ficou visivelmente alterado depois da expulsão de Luis Díaz e entrou em campo depois da de Uribe, mais para serenar os ânimos dos próprios jogadores do que para protestar, correu em direção ao banco dos minhotos depois do apito final, atirando uma frase que foi revelada pela transmissão da TVI24.

“11 contra 11 levas cinco ou seis”, disse Conceição a Carlos Carvalhal, que não respondeu e na conferência de imprensa, mais tarde, não quis comentar o episódio e não confirmou que foi essa a frase proferida pelo treinador do FC Porto. Treinador que não apareceu na flash interview e que, minutos depois, também não marcou presença na sala de conferências de imprensa, sendo substituído por Pinto da Costa. O presidente dos dragões começou por desejar as melhores a David Carmo, em nome do clube, e depois pediu “serenidade” aos que lhe terão enviado mensagens, ainda durante a partida, a pedir que a equipa abandonasse o terreno de jogo na sequência da expulsão de Luis Díaz.

“Ninguém nos vai vergar. Não é desta forma, com o que se tem vindo a acumular nestes últimos jogos, que o farão. Não vão. Queria apenas falar em factos, não em intenções. Quero lembrar que o Hugo Miguel, que foi o VAR hoje, foi também o VAR no jogo entre o FC Porto e o Benfica, com o mesmo árbitro principal [Luís Godinho]. Quando foi mostrado amarelo ao Taremi, ele interveio para pedir vermelho, não assinalando as outras agressões que houve, que temos mostrado e que vamos mostrar outra vez. Não chamou à atenção para nenhuma. Hoje chamou à atenção para um casual lamentável, mas casual. No Sp. Braga-Sporting, da Taça da Liga, quando um jogador do Sporting atingiu a pontapé nas partes baixas um jogador do Sp. Braga, mostrou cartão amarelo e o VAR não interveio. São demasiados falhanços para estarmos sempre a levar com este mesmo VAR”, atirou Pinto da Costa, que já durante a semana tinha escrito um texto de opinião na revista Dragões onde criticava a arbitragem dos últimos jogos do FC Porto.

Em seguida, o presidente dos dragões ainda sublinhou uma “dualidade de critérios” e criticou de forma muito dura o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo. “Basta! Vamos dizer, solenemente, basta! Queremos paz no futebol mas não provoquem mais, não brinquem com o esforço de jogadores, treinadores e adeptos do FC Porto. Apelo à serenidade mas volto a dizer: basta! Sei que não temos um secretário de Estado do Desporto, todos sabem que não temos. Não posso apelar ao Governo, porque o secretário de Estado morreu. Não foi enterrado mas anda morto, desertou, não vale a pena fazer o apelo ao que não existe. Deixo aqui um aviso: basta! Peço serenidade total, apelo à serenidade de todos, mas quero dizer que basta e que ninguém nos vai vergar”, terminou Pinto da Costa, que não respondeu a perguntas dos jornalistas presentes na sala de imprensa.

Entretanto, no Twitter, também Francisco J. Marques reagiu à arbitragem da primeira mão da meia-final da Taça de Portugal. “Há menos de um mês, Luís Godinho foi tolerante com Pizzi (e Nuno Tavares), fosse em lances de dureza excessiva, fosse naquele sururu em que atingiu Pepe e chutou a bola contra Sérgio Oliveira. Este vídeo mostra uma enorme dualidade de critérios e só pode envergonhar a arbitragem. Luís Godinho vai em cinco expulsões de jogadores do FC Porto, entre as quais aquela célebre de Danilo, em Moreira de Cónegos. Adversários do FC Porto expulsou até hoje um singelo jogador, Gonçalo Silva, do Belenenses. Hoje o FC Porto teve dois jogadores expulsos, o que já não acontecia desde 3 de janeiro de 2017, em Moreira de Cónegos, quando o árbitro Luís Godinho expulsou Danilo e Brahimi. Voltando ao início, depois da arbitragem no Dragão, só me vem à cabeça uma célebre cantilena: vamos ter os padres que escolhemos e ordenámos, nas missas que celebramos, temos é de rezar e cantar bem”, escreveu o diretor de comunicação do FC Porto, ao longo de quatro tweets e partilhando também os lances do FC Porto-Benfica que menciona anteriormente.