Portugal espera voltar a receber visitas no âmbito da presidência do Conselho da União Europeia (UE) a partir da Páscoa, se a pandemia de Covid-19 assim o permitir, disse esta quarta-feira a representante da Comissão Europeia no país.

É realmente uma pena que a presidência portuguesa tenha sido totalmente virtual até agora“, lamentou Sofia Colares Alves, durante uma conversa na rede social Instagram com Jörg Wojahn, representante da Comissão Europeia na Alemanha, sobre os desafios e oportunidades da presidência portuguesa da UE.

Para a representante, “uma das vantagens da presidência rotativa” do Conselho é o facto de ser uma “oportunidade para outros europeus descobrirem ou redescobrirem outro país”, algo que não tem sido possível com as restrições motivadas pela pandemia de Covid-19.

Desde que Portugal assumiu a presidência rotativa da UE, recebeu apenas a tradicional visita do Colégio de comissários e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em 15 de janeiro, que decorreu, ainda assim, em formato reduzido.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Presidência da União Europeia. Comissão Europeia visita esta sexta-feira Portugal para reuniões institucionais

Eles [comissários] estavam muito frustrados porque estavam fechados, basicamente, em apenas um local”, indicou Sofia Colares Alves, referindo-se ao Centro Cultural de Belém (CCB), sede da presidência portuguesa.

A agenda da viagem do colégio de comissários tinha prevista uma visita ao Mosteiro dos Jerónimos após as reuniões de trabalhos no CCB, que acabou por “não ser possível” acontecer, acrescentou.

Esperamos ter outra ocasião a partir da Páscoa, especialmente em maio e junho, se tudo decorrer conforme prevemos. Os níveis de contingência e os níveis de infeção estão a descer em Portugal, portanto vamos ‘fazer figas’ para que tenhamos mais visitas a Portugal no âmbito da presidência”, afirmou a responsável.

De acordo com Sofia Colares Alves, “o Governo já preparou tudo de forma a que decorram 12 reuniões por todo o país, para que não fique tudo concentrado em Lisboa e no Porto e para que os visitantes possam ter uma oportunidade para conhecerem um pouco da cultura e da comida” portuguesa.

Um outro tema que os representantes da Comissão Europeia abordaram durante esta conversa naquela rede social foi a Europa Social, um tópico que “está no coração” do programa da presidência portuguesa para os próximos meses.

Um dos eventos centrais do respetivo programa é a Cimeira Social, agendada para o Porto, nos dias 7 e 8 de maio, onde se prevê a aprovação do futuro plano de ação do Pilar dos Direitos Sociais, um texto não vinculativo de 20 princípios para promover os direitos sociais na Europa, aprovado em Gotemburgo (Suécia) em novembro de 2017.

Neste domínio, Sofia Colares Alves reiterou a vontade expressa pela Comissão Europeia e pelo Governo português de estabelecer um “salário mínimo em todos os Estados-membros da UE” que permita aos cidadãos “ter as mínimas condições de vida“.

Uma outra questão que preocupa a Comissão Europeia é a pobreza infantil, dado que, de acordo com a responsável, “uma em cada cinco crianças na União Europeia vive em condições de pobreza”.

O combate à pobreza infantil é assim uma prioridade da Comissão Europeia que tem “definitivamente o apoio do Governo português” no sentido de garantir que “as crianças possam ir à escola, que possam receber cuidados de saúde e ter toda a assistência de que precisam para ter uma vida decente”.