O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, defendeu esta terça-feira que Portugal pode ser um “facilitador” no desenvolvimento de parcerias da NATO com países do Indo-Pacífico, que identificou como uma região “muito importante” para a Aliança.

“Eu creio que uma maior atenção à região do Indo-Pacífico é um movimento que me parece vital para a União Europeia (UE), que me parece vital para os Estados Unidos ou o Reino Unido, e também é muito importante no quadro da NATO, no qual Portugal não só está empenhado, como pode ser um facilitador muito importante, como aliás se vê com a organização por Portugal, no quadro da sua presidência do Conselho da UE, da próxima cimeira entre a UE e a Índia”, disse Augusto Santos Silva à Lusa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros falava após o primeiro dia da cimeira dos chefes de diplomacia da NATO, que abordaram, entre outros temas, o processo de reflexão NATO 2030, que prevê projetar o futuro da Aliança e dar-lhe uma “perspetiva mais global”.

Sublinhando que essa “perspetiva mais global” da Aliança não põe em causa o “âmbito geográfico natural da NATO”, que tem no Atlântico Norte uma “esfera de ação bem determinada” onde a Aliança “exerce o princípio de defesa coletiva”, Augusto Santos Silva defendeu que o objetivo é o de dar à NATO uma “consciência global dos problemas” que enfrenta.

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Para olharmos para as ameaças que enfrentamos, por exemplo, na grande região do Médio Oriente e do Norte de África, é útil nós cooperarmos mais com a União Africana, é útil nós cooperarmos com a Liga Árabe, é útil nós cooperarmos com a própria União Europeia”, destacou.

Augusto Santos Silva enumerou assim um conjunto de ameaças, que vão das redes terroristas às alterações climáticas, passando pelo ciberespaço, para ilustrar que são ameaças que, “por definição, não têm fronteiras geográficas”. “E, portanto, não deixando de ser uma organização regional, a NATO está sujeita a ameaças que são de natureza global”, sublinhou.

No âmbito das parcerias, o chefe da diplomacia portuguesa destacou que, durante a reunião, os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO abordaram o flanco sul da Aliança, tendo Portugal apresentado uma contribuição, junto com outros Estados-membros, que “procura chamar a atenção para a importância que o flanco sul” tem para a Aliança.

Nunca nos devemos esquecer, que a NATO não lida apenas com ameaças a leste, também lida com ameaças e deve beneficiar de parcerias a Sul”, apontou.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO estiveram reunidos para discutir, além do processo de reflexão NATO 2030 e o flanco sul da Aliança, a retirada de tropas do Afeganistão.

Os chefes da diplomacia reunir-se-ão novamente na quarta-feira, naquela que é a primeira cimeira presencial da NATO desde o início da pandemia de Covid-19 e que contou, pela primeira vez, com a presença do novo secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken.