O plano de desconfinamento traçado pelo Governo termina a 2 de maio, mas o Presidente da República deseja que antes disso acabe o estado de emergência em que o país vive de forma consecutiva desde o início de novembro de 2020, há 150 dias. Para Marcelo, mais 15 dias chegam e depois, em maio, a “boa onda”. A manhã desta quarta-feira foi dedicada a uma “homenagem ao SNS”, no Dia Mundial da Saúde, com um giro presidencial pelo Martim Moniz e Mouraria, em Lisboa, com distribuição de refeições aos carenciados e expectativas fortes em relação à pandemia.

São muitos desejos numa só frase, numa altura em que ainda há muitos avisos sobre a necessidade de cautelas — embora o discurso do Presidente da República seja menos polvilhado deles do que aquele que vem, por estes dias, do primeiro-ministro. É até António Costa que Marcelo cita quando é questionado pelo comportamento dos portugueses nesta segunda fase de desconfinamento e lembra que o primeiro-ministro já falou do que se deve fazer nas esplanadas e em como os passos seguintes estão nas mãos de cada um.

“Abril é um mês decisivo”, apontou Marcelo que ao mesmo tempo diz que depende das pessoas, do que “fazem, o tipo de convívio que têm, a criação ou não de condições para que o desconfinamento seja suave e progressivo”. E planeia já os próximos tempos, dizendo que “para a semana haverá mais um momento de reflexão sobre a renovação do estado de emergência e, portanto, haverá uma sessão epidemiológica e a audição dos partidos políticos e haverá uma decisão sobre essa renovação”. “E o que desejaria o Presidente?”, a pergunta é de Marcelo para Marcelo, que responde: “Desejaria que fosse a última renovação do estado de emergência, coincidindo com o fim do mês de abril. Verdadeiramente, era a minha vontade e penso que é a vontade de todos os portugueses”, remata enquanto lembra que também ele já tem saudades de ir nadar, o que não faz desde o Natal, garante.

Este calendário significaria que até ao dia 15, o Presidente assinaria mais um decreto do estado de emergência para vigorar até 30 de abril — o plano de desconfinamento do Governo vai até dia 2 de maio. Para isso é preciso que corra bem “para a semana” e “os 15 dias seguintes”. Se isso acontecer, afirma logo de enfiada, o país pode “entrar em maio numa outra onda, uma boa onda — não é uma quarta vaga negativa, era uma boa onda, uma onda positiva”. Mas para isto é preciso controlar os casos que existem, nomeadamente nas escolas, em que Marcelo espera que “o que exista seja sobretudo localizado nas escolas e nalgumas turmas sem uma incidência social, sem uma difusão social assinalável que atinja os setores mais frágeis”.

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O Presidente falava ainda antes de se conhecer o novo parecer da Agência Europeia do Medicamento sobre a vacina AstraZeneca e as dúvidas por ela suscitadas em relação à formação de coágulos. “Tem sido uma Via Sacra, uma expressão pascal que significa um conjunto de problemas que têm-se revelado no tempo” sobre o processo de vacinação, considerou Marcelo Rebelo de Sousa que pedia, logo ali, uma decisão rápida sobre a vacina em causa, mas também sobre a vacinação no geral. E isto por causa das dificuldades de fornecimento que têm acontecido nos países da União Europeia. A propósito, pediu “uma posição unida, clara e duradoura” na União Europeia sobre este atribulado dossier, o da vacinação.

Deixa mal Portugal, que está à frente da Presidência do Conselho da UE? “Tem sido difícil para todos, para a Comissão Europeia, em primeiro lugar, para a Alemanha, uma vez que a negociação das vacinas foi feita ainda durante a presidência alemã, e para Portugal, porque tem a presidência agora. Tem sido um processo difícil“, lamentou o Presidente. Iliba, assim, o país, que garante que “recebeu pouco mais de 2 milhões de vacinas e, entre duas tomas e uma toma, foram usadas num número que corresponde praticamente a essa reserva”. Não há sobras e o plano tem andado ao ritmo possível, dado o fornecimento, dá provas (nestes números) o Presidente.

As declarações foram feitas no final das duas visitas do dia, à Unidade Saúde Familiar da Baixa, no Martim Moniz, e ao centro Social Polivalente São Cristóvão e São Lourenço — “a saúde ligada ao acolhimento e ao apoio social e a olhar para as necessidades sociais”. Marcelo ainda distribuiu refeições aos utentes da instituição. Distribuiu também selfies rapidamente e desceu até ao Martim Moniz novamente, escadaria abaixo.