A Start Campus, uma empresa detida pelos norte-americanos da Davidson Kempner Capital Management LP (Davidson Kempner) e pelos britânicos da Pioneer Point Partners, vão investir 3,5 mil milhões de euros para criar um campus apelidado de “Hyperscaler Data Centre”, com capacidade até 450MW”, em Sines. De acordo com os responsáveis do projeto, este investimento vai criar até “1.200 postos de trabalho diretos altamente qualificados”.

O fundo de investimento Davidson Kempner Capital Management LP tem sido um dos principais compradores das polémicas carteiras de crédito malparado do Novo Banco, nomeadamente o projeto “Nata II“, em 2019, e o portfólio Wilkinson, em março deste ano. As vendas recentes do Novo Banco, muitas delas a um preço muito inferior ao valor de balanço, estão a ser alvo de uma comissão parlamentar de inquérito atualmente em curso, uma vez que as perdas com muitos destes ativos estão cobertas por um mecanismo de capital contingente (que já resultou em injeções superiores a 3.900 milhões de euros no Novo banco).

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De acordo com a Start Campus, o objetivo é que o “Sines 4.0 tenha uma pegada de carbono líquida zero, garantindo preços de energia competitivos a nível global, segurança, estabilidade e compliance em segurança de dados”. Os responsáveis do projeto esperam ainda que os “postos de trabalho tenham uma maioria de trabalhadores portugueses”.

Ao Observador, Sam Abboud, sócio e um dos fundadores da Pioneer Point Partners, disse que os responsáveis planeiam que este seja um dos “maiores centro de dados verdes na Europa”. Adicionalmente, referiu que, além dos 1.200 postos de trabalho, que vão ser criados indiretamente até “oito mil empregos até 2025”. “Vai ajudar a transformar a área em termos de economia digital e transição energética”, continuou.

Gostamos que Portugal seja seguro, seja altamente qualificado, tenha pessoas jovens, tenha leis muito fortes de proteção de dados, o que é muito importante para os nossos clientes”, disse Abboud.

“Este projeto tem recebido interesse internacional, o primeiro edifício vai terminar em 2023 e tudo estará terminado em 2025”, disse o responsável. Ao todo, o projeto vai ser alimentado “100% por energia renováveis”, e os responsáveis escolheram Sines porque “permite ter todos os requisitos necessários para este projeto”.

Portugal costumava ser o centro das telecomunicações, e tem perdido isso para a Europa nos últimos 20 anos, esperamos que isto ajude a recuperar esse ponto ajuda”, disse Abood.

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Abboud também disse à Rádio Observador que o projeto não envolve qualquer tipo de benefício fiscal concedido pelo Estado português ao consórcio responsável. O secretário de Estado da Internacionalização salientou, entretanto, à Lusa o “enorme potencial de exportação de serviços” do projeto anglo-americano de um ‘data centre’ em Sines, que destaca como “o maior investimento estrangeiro captado pelo país desde a Autoeuropa”.

O Hyperscaler Data Centre vai ser apresentado oficialmente esta sexta-feira, às 11 horas, numa cerimónia que contará com o primeiro-ministro, António Costa, e Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital. O evento será transmitido através da página oficial do projeto na internet.

Com início de construção previsto para 2022, envolvendo 900 pessoas numa primeira fase e até 2.700 no total, o Sines 4.0 deverá inaugurar no final de 2023 o primeiro dos cinco edifícios projetados.

Data centre em Sines é “maior investimento estrangeiro desde Autoeuropa”

O secretário de Estado da Internacionalização apontou esta quinta-feira à Lusa o “enorme potencial de exportação de serviços” do projeto anglo-americano de um ‘data centre’ em Sines, que destaca como “o maior investimento estrangeiro captado pelo país desde a Autoeuropa”.

“Tem o potencial de ser o maior investimento estrangeiro captado pelo país desde a Autoeuropa”, disse Eurico Brilhante Dias em declarações à agência Lusa no âmbito da apresentação, na sexta-feira, do projeto de um megacentro de dados global a instalar em Sines pela empresa de capitais anglo-americanos start campus.

O secretário de Estado salientou que o projeto – denominado Sines 4.0 – “altera uma parte importante das características do investimento” que tem sido captado para Sines, dada o seu perfil de “transição digital e energética”.

É um projeto de transição digital pelas oportunidades que os ‘data centres’ e a economia dos dados nos vão dar neste século XXI e, ao mesmo tempo, é de transição energética, porque cada vez mais quem investe procura localizações que possam ser abastecidas a partir de energias renováveis”, afirmou.

O governante destacou ainda o “enorme potencial de exportação de serviços” do investimento, classificado desde março como Projeto de Interesse Nacional (PIN) e cujo contrato de localização em Sines foi assinado esta quinta-feira com a AICEP Global Parques.

“Estamos a falar de um investimento que tem potencial – segundo informação da própria empresa – para ter aproximadamente entre 700 a 1.200 postos de trabalho e que tem, evidentemente, a possibilidade de sermos prestadores de serviços. Estamos, no essencial, a falar de um ‘data centre’ que, mais tarde, irá transacionar serviços com o exterior. Portanto é, ao mesmo tempo, um grande investimento estrangeiro com enorme potencial de exportação de serviços”, realçou.

Recordando que “o ano 2020 foi particularmente difícil para a economia mundial e, também, para a economia portuguesa, apesar do stock de investimento direto estrangeiro ter aumentado em 2020 em Portugal”, Brilhante Dias destacou este projeto como “sem dúvida, o maior investimento estrangeiro que o país captou desde a Autoeuropa”.