O acordo assinado no início do ano entre a Savannah Resources e a Galp para o desenvolvimento de uma mina de lítio no Barroso expirou e a empresa portuguesa deixou de ter exclusividade na negociação da compra do minério a extrair deste projeto. O anúncio foi feito esta terça-feira pela empresa britânica. O acordo anunciado em janeiro previa a entrada direta da Galp nas empresas portuguesas que iam desenvolver o projeto com 10% do capital e um investimento de cinco milhões de euros.

Estava igualmente em avaliação em regime de exclusividade a possibilidade de assinar um contrato para a venda de 100 mil toneladas de por ano de concentrado de lítio da Mina do Barroso. Este material é usado para o fabrico de baterias elétricas e a sua procura tem vindo a crescer.

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O presidente executivo David Archer adiantou no mesmo comunicado que apesar do acordo com a Galp ter expirado, as discussões comerciais com a empresa prosseguem. E assegura que a Savannah está bem financiada e comprometida com o “desenvolvimento responsável da Mina do Barroso, criando empregos e partilhando os benefícios do projeto com os seus parceiros em Portugal enquanto proporciona as bases para uma nova cadeia de valor de lítio no país”.

Questionada pelo Observador, fonte oficial da Galp diz que a empresa “está fortemente empenhada em garantir a possibilidade de implementação de uma cadeia de valor das baterias em Portugal e na Península Ibérica. Neste contexto a Galp encontra-se a analisar diversos projetos e possíveis parcerias, incluindo opções que permitam assegurar o acesso a matéria prima produzida de forma económica e ambientalmente sustentável. A Mina do Barroso está incluída na lista de projetos potencialmente relevantes para o desenvolvimento desta nossa ambição.” A empresa não esclarece contudo se mantém a participação acionista prevista nas sociedades responsáveis pelo projeto mineiro em Portugal. Nem de quem foi a iniciativa para esta evolução.

Portugal tem ambição de desenvolver um projeto que vá para além da extração da matéria-prima, o que implica instalar a componente industrial em território nacional. O envolvimento da Galp dava mais consistência ao projeto mineiro que ainda aguarda luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente e que é fortemente contestado por entidades locais. Por outro lado, a entrada no lítio era para a Galp um passo na direção da estratégia de descarbonização da sua atividade.

No mesmo dia que foi conhecido este aparente “divórcio”, a petrolífera anunciou que vai avançar em consórcio com o investimento de mais de seis mil milhões de euros a desenvolver o novo campo petrolífero no Brasil.

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A Savannah sublinha que um mercado de lítio forte tem resultado num crescente interesse manifestado por grupos que procuram realizar investimentos estratégicos no projeto com ou sem exigir um contrato de fornecimento de espodumena. Este interesse reflete o crescente apetite por exposição à cadeia de valor do lítio.

O projeto de exploração da mina no Barroso encontra-se em fase de consulta pública depois da entrega do estudo de impacte ambiental na Agência Portuguesa do Ambiente.