Entre os trunfos do Model S Plaid, a capacidade de atingir 322 km/h é um dos mais respeitados, não só por ser um valor extremamente elevado, em termos absoluto, como por ser um recorde entre as berlinas eléctricas. E, para ser atingido, não se vai lá com sistemas de boost de 2 ou 8 segundos, uma vez que estes pequenos “empurrões” ajudam nos arranques, mas não em termos de velocidade máxima, que exige potência máxima durante mais de duas dezenas de segundos.

Depois de deixar os potenciais clientes do Plaid com “água na boca” durante a apresentação do modelo e a entrega das primeiras 25 unidades, muitos deles com vontade de rumar a um anel de velocidade para pôr à prova os 322 km/h, eis que Elon Musk anunciou que a velocidade máxima só poderá ser atingida no Outono, quando passarem a estar disponíveis novas jantes e pneus para o Model S com três motores que totalizam 1020 cv.

Não é a primeira vez que os pneus limitam a velocidade máxima de determinados veículos. O caso mais flagrante é o do Bugatti Chiron, com 1500 cv, cujo potencial de velocidade máxima ronda 460 km/h, mas está limitado pelos pneus construídos pela Michelin a 420 km/h, sendo o fabricante francês o único que os produz. E com o aviso que apenas suportam 15 minutos a esta velocidade, o que até poderia ser um problema caso o depósito do Chiron não durasse somente 8 minutos à velocidade máxima. A Michelin chegou a conceber uma versão destes pneus, reforçados com um anel em fibra de carbono, para o Chiron Super Sport 300+ LongTail, uma série especial muito trabalhada aerodinamicamente e com mais 100 cv. Foram esses pneumáticos que permitiram atingir 490,484 km/h.

Pneus mais largos atrás do que à frente

A introdução no mercado do Model S Plaid, em substituição do anterior Model S Performance, elevou imenso a fasquia no que respeita ao esforço a que os pneus são submetidos. Não piorou muito em termos de carga, uma vez que a versão Plaid Trimotor pesa apenas mais cerca de 100 kg do que a anterior Performance Dual Motor, anunciando um total de 2162 kg (ainda assim um dos valores mais reduzidos para modelos desta bitola e com bateria de 100 kWh). As diferenças surgem em relação às necessidades de tracção e ao esforço imposto pela velocidade mais elevada.

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Ao contar com 1020 cv em vez dos anteriores 789 cv, para mais com dois motores instalados no eixo traseiro, o Model S Plaid aplica um esforço brutal sobre as borrachas que monta atrás. O modelo que surgiu originalmente no configurador parecia ter montados Pirelli P Zero 235/45 R19, nas jantes Tempest com 19”, para depois nas Arachnid de 21” instalar Michelin Pilot Sport 4S com a medida 265/35 ZR21, sendo que estas jantes já estavam disponíveis na anterior versão do Model S.

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Para atingir 322 km/h, serão necessárias novas jantes, que suportem os esforços e o aquecimento inerentes ao incremento de 23,4% na velocidade máxima. Essas jantes deverão ser mais dispendiosas do que as actuais, mas mais caros ainda devem ser os pneus, que Musk já avançou que serão mais largos atrás do que à frente, para conseguirem colocar no asfalto a potência adicional.

A Tesla deverá continuar a confiar nos Pilot Sport 4S, mas no site da Michelin estes só aparecem com dimensões que sirvam o Plaid até 295/30 ZR21. É possível que a marca tenha de recorrer a borrachas mais largas do que os 265/35 R21 à frente e 305/30 R21 atrás que o Taycan Turbo S monta, pois este possui apenas 761 cv e não ultrapassa 260 km/h.

Depois de definir o equipamento pneumático ideal, a Tesla terá de esperar (e daí a derrapagem até ao Outono) que a Michelin ou qualquer outra marca fabrique as medidas necessárias, com um índice de carga algures entre 100 e 105, em vez dos actuais 96, de forma a poder suportar 800 a 900 kg/pneu, em vez dos actuais 700 kg. O caderno de encargos tem ainda de prever um considerável upgrade no índice de velocidade, que era Z (mais de 240 km/h) e agora passa directamente – sem parar no W (270 km/h) e no Y (300 km/h) –, para o (Y), sendo esta estranha denominação relativa a valores acima de 300 km/h.

Além do tempo necessário para que os pneus sejam produzidos e testados, os interessados vão ter de se preparar para pagar algo mais por uns pneus que consigam rodar a 322 km/h.