Líder do ranking FIFA, a Bélgica é o próximo adversário de Portugal no Euro 2020. Ao contrário da Seleção nacional, que ainda teve de fazer algumas contas no Grupo F, os belgas fizeram uma primeira fase “limpinha”, com três vitórias noutros tantos jogos. Rússia, Dinamarca e Finlândia foram as vítimas dos belgas, que passaram de forma descansada no primeiro lugar no grupo B, com sete golos marcados e um sofrido.

A Bélgica, com quem Portugal não perde desde 1990, está há 12 jogos sem sofrer derrotas (desde outubro de 2020) e promete ser um adversário complicado. Estas são as suas principais características.

Os pontos fortes da Bélgica

Eden Hazard, Lukaku ou De Bruyne. Não é complicado encontrar craques do mais alto nível na seleção belga e é principalmente pelas individualidades, e combinações entre as mesmas durante o jogo, que a equipa cria mais perigo. De Bruyne (com o antigo jogador do Benfica Axel Witsel a ajudar no meio-campo) é a batuta do jogo da Bélgica, tendo já desbloqueado momentos complicados neste Europeu, com Lukaku a ser a referência no ataque. A tipologia do avançado é uma das grandes armas da Bélgica, havendo ainda a incógnita Eden Hazard, que mesmo fora da forma de outros tempos, pode sempre sacar um lance de génio a fazer a diferença.

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O que explorar

Com a baliza segura pelo gigante Courtois, o lado mais frágil dos belgas está na defesa. Pelas alas, Meunier é um pouco mais defensivo, com Carrasco (ou Thorgan Hazard) a jogar um pouco mais subido na esquerda. Por este lado, mas na linha de três centrais, encontra-se Vertonghen, jogador do Benfica, que já não tem a velocidade de outros tempos. Ao centro da defesa joga Denayer, cuja capacidade para sair a jogar é, por vezes, questionável, como já mostrou. A velocidade e criatividade dos jogadores nacionais pode ser decisiva perante esta defesa.

A figura

O destaque atual na equipa da Bélgica, sem muitas dúvidas, é Lukaku. O avançado do Inter joga muitas vezes como “pivô”, recebendo a bola de costas para baliza e, além de ser perigoso quando se vira para a baliza, é prático a distribuir para os colegas. Mas não é só no jogo posicional que Lukaku se destaca. A velocidade e força bruta do jogador assustam qualquer defesa e, com espaço, é um autêntico quebra-cabeças. Esse vai ser o grande dilema de Fernando Santos: como tirar profundidade ao jogador do Inter sem baixar em demasia as linhas para Kevin de Bruyne jogar em zonas mais próximas da área onde possa fazer a diferença de forma mais decisiva.

A revelação

Tem 19 anos e apareceu em excelente plano no último encontro da Bélgica na fase de grupos, frente à Finlândia. Jeremy Doku, avançado do Rennes, tem um perfume no seu jogo que começa a fazer falta ao futebol. É criativo, é rápido e não tem medo dos adversários. É complicado jogar nesta equipa belga, repleta de talento e experiência, mas, caso seja preciso agitar, Doku é o homem. E os encontros que fez na prova reforçaram esse estatuto.

A tática

A Bélgica alinha normalmente num 3x4x3 mas sem recuar em demasia os alas. Assume-se como equipa grande, constrói com os três centrais bem abertos e procura ajuda no meio, em Witsel e De Bruyne, ou nas linhas, em Meunier e Carrasco (ou Thorgan Hazard), ou até mesmo em passes mais longos para Lukaku. Os dois jogadores que apoiam o avançado do Inter jogam, normalmente, de forma muito móvel, mas tudo dependerá muito de Eden Hazard. Se o capitão de equipa jogar, e jogará sempre da linha para o meio, quase como “vagabundo”, Carrasco ou Thorgan Hazard fazem toda a ala esquerda. Caso fique no banco, como aconteceu nos dois primeiros jogos, alinhará Carrasco no seu lugar, com Thorgan atrás, o que se traduz num jogo mais vertical e na velocidade.

O treinador

Roberto Martínez, técnico espanhol de 47 anos, é o timoneiro da equipa belga. Assumiu a equipa em 2016 e tem números muito interessantes, com 46 vitórias em 59 jogos. Antigo jogador com uma carreira mediana, foi no Swansea que começou a dar nas vistas, no ano de 2006/2007, tendo dado o salto três épocas depois para o Wigan. Manteve o clube na Premier League durante três épocas, não conseguindo evitar a descida de divisão em 2013. No entanto, isso não o impediu de progredir na carreira, seguindo para o Everton. Em duas épocas, conseguiu um quinto lugar da Premier League em 2013/2014 e na época seguinte o clube de Liverpool terminou o campeonato inglês no 11.º lugar. Sai em 2015, chegando então depois à seleção belga no ano seguinte.

O que dizem

Alguns jornais belgas já reagiram à “sorte” nos seus sites. O Het Laatste Nieuws, por exemplo, diz que a Bélgica tem de ser “mata gigantes” se quiser eliminar Portugal, destacando ainda o “duelo” que vai acontecer entre Pepe e Lukaku. Aliás, olhando para o quadro de jogos nos oitavos, este promete ser o grande embate da ronda.