Naquele que é considerado o país mais fechado do mundo, as aparições de Kim Jong-un fazem com que os analistas se entusiasmem com os pormenores. Nos últimos dias, aumentou a especulação sobre o estado de saúde do líder da Coreia do Norte, que, após quatro semanas de ausência, apareceu mais magro em fotografias divulgadas pelas autoridades.

O caso chamou particular atenção depois de uma entrevista a um cidadão norte-coreano, cuja identidade não foi revelada. “O que deixou as pessoas, incluindo eu, de coração partido foi ver quão magro estava o querido líder Kim Jong-un. Toda a gente diz que teve dificuldades em conter as lágrimas”, disse um homem de meia idade numa reportagem transmitida na televisão estatal norte-coreana, que tem sido difundida nos media internacionais.

No ocidente, o estado de saúde de Kim Jong-un — que é obeso e tem um historial de doenças cardíacas na família — , de 37 anos, é um tema de debate habitual, ganhando relevância sempre que surgem novos mistérios em torno do líder norte-coreano, particularmente nos períodos de tempo em que fica sem aparecer em público, como aconteceu em 2014, quando esteve ausente durante 40 dias, ou mais recentemente, em 2020, quando esteve fora durante 20 dias.

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Na Coreia do Norte, no entanto, o tema é tabu e não é discutido publicamente, daí que o facto de a televisão estatal ter não só divulgado as fotografias onde Kim Jong-un aparece mais magro, mas também ter transmitido uma entrevista de um cidadão a comentar a perda de peso do líder norte-coreano, aumentou a especulação.

“A sua perda de peso foi tão visível que não havia forma de os norte-coreanos não perceberem”, disse ao The New York Times Cheong Seong-chang, diretor do Centro de Estudos Norte-Coreanos do Instituto Sejong, na Coreia do Sul. “O regime tinha que confirmar o óbvio e sinalizar ao povo que estava tudo bem com o líder, de forma a prevenir rumores sobre o seu estado de saúde poder estar fora de controlo”, acrescentou.

O analista nota, contudo, em declarações à CNN que a imagem de Kim Jong-un visivelmente mais magro surge numa altura em que a Coreia do Norte enfrenta uma grave crise alimentar, um problema reconhecido pelo próprio, que culpa a pandemia de Covid-19 e as sanções internacionais pela pobreza do povo norte-coreano.

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“A Coreia do Norte poderá estar a tentar vender às pessoas a ideia de que Kim Jong-un está a perder peso porque se está a dar o máximo para melhorar a vida das pessoas na Coreia do Norte”, afirmou Cheong.

Kim Jong-un assumiu poder na Coreia do Norte em 2011, após a morte do seu pai, Kim Jong Il, que morreu devido a um ataque cardíaco, um incidente que as autoridades norte-coreanas, na altura, atribuíram ao “excesso de trabalho” do líder que “dedicou a sua vida ao povo”.

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Enquanto não são totalmente esclarecidos os motivos que levaram à perda de peso de Kim Jong-un — problemas de saúde ou propaganda —, a comunidade internacional continua atenta ao que acontece na Coreia do Norte, tendo em conta as preocupações quanto ao futuro do país em caso de uma hipotética sucessão de Kim Jong-un. A sua irmã, Kim Yo-jong, é apontada como a principal candidata a assumir a liderança do país.