Não é a primeira vez que o pano de fundo escolhido para uma conferência de imprensa é um caça da força aérea, mas talvez seja a primeira em muito tempo que tem de ser interrompida para que o avião saia da base. Para a próxima, será é recomendável não montar os estandartes precisamente em frente do avião que está em alerta. Afinal, caso aconteça alguma coisa é esse mesmo aparelho que sairá em primeiro lugar do hangar. O presidente espanhol Pedro Sánchez e o seu homólogo da Lituânia, Gitanas Nauseda, tiveram uma demonstração disso mesmo esta quinta-feira, talvez não no momento mais oportuno.

O plano inicial até era fazer-se um simulacro, o que dificultou num primeiro momento o entendimento da situação, mas o código “Alfa” que se ouve ser gritado ao fundo deixou bem claro a Pedro Sánchez que, desta vez, não era um ‘faz de conta’. Depois de confirmar a informação através do intercomunicador num dos ouvidos, o presidente espanhol informou Gitanas Nauseda, que estava a discursar, que era “um Alfa real” e ambos saíram rapidamente de cena.

Nas imagens captadas pelos jornalistas no local é possível ver ainda a rapidez com que os estandartes e os púlpitos começam a ser retirados, para que o caça pudesse levantar voo. Na origem de tão inusitado momento esteve a Rússia.

Dois aviões de caça russos que voaram sem aviso no mar Báltico e esta quinta-feira um alerta de segurança que interrompeu a visita do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, à base da NATO em Siauliai (Lituânia), precisamente no momento dos discursos.

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Os meios de comunicação espanhóis relatam que em pouco mais de 10 minutos todo o material e equipamento que tinha sido instalado para a conferência de imprensa — e respetivos meios humanos — desapareceram do hangar para que o caça pudesse ir ao encontro dos caças russos no mar Báltico.

Dois aviões de caça russos não identificados causaram alerta na Lituânia

O El País relata o momento vivido, com os militares a agir com uma maior prontidão que os jornalistas no local. “É um alerta real, têm que ser mais rápidos”, explicavam os militares espanhóis, maioritariamente de Albacete onde está a base central dos Eurofighter em Espanha, aos jornalistas que ainda estavam a obstruir o caminho do avião militar.

Ainda que a situação seja risível, os jornais espanhóis avançam que os militares e a delegação de Pedro Sánchez estão convencidos de que a invasão pelos caças russos não foi uma coincidência e que serviu para a Rússia medir a capacidade de reação da NATO. “Não sei se foi uma provocação premeditada, mas coloca em evidência a importância da missão espanhola e da necessidade de colaboração. Hoje todos os espanhóis viram o bom trabalho da força aérea”, afirmou Pedro Sánchez depois de toda a situação.