Luke Shaw, lateral esquerdo de 25 anos do Manchester United, viveu este domingo um dos grandes momentos da sua carreira, ao marcar logo no segundo minuto de jogo pela sua Inglaterra na final do Euro 2020 frente à Itália.

O jogador não alinhou no primeiro encontro dos Three Lions na competição, frente à Croácia, mas Gareth Southgate entregou-lhe toda a confiança a partir do segundo jogo do Europeu, o que valeu ao jogador a titularidade no encontro decisivo – e tudo porque Ben Chilwell ficou em isolamento antes da partida da terceira e última ronda da fase de grupos após ter estado em contacto com um infetado, Billy Gilmour.

Mas Luke Shaw podia não ter chegado aqui como futebolista, a estes palcos e a este nível de jogo. Em 2015, já ao serviço do Manchester United, num encontro da Liga dos Campeões frente ao PSV, uma grave lesão atirou-o para fora dos relvados durante quase um ano, depois de fraturas na tíbia e no perónio. A recuperação deste tipo de lesões é demorada, mas Shaw podia até nem ter recuperado. “Estive muito perto de perder a minha perna mas não o soube até seis meses depois da lesão, quando os médicos me disseram”, afirmou em 2018. Revelou ainda que os responsáveis médicos acabaram por impedi-lo de viajar de Eindhoven de volta a Manchester logo na noite do fatídico encontro, e que tal, “muito provavelmente”, lhe custaria a perna.

Foram 327 dias até que Luka Shaw voltasse a entrar num jogo oficial com a camisola dos red devils, que o contrataram ao Southampton em 2014, por uma verba que não foi revelada mas que se julga ter sido de cerca de 30 milhões de libras, à altura um recorde por um jogador tão jovem. Foi nos saints que Shaw fez toda a formação, desde tenra idade, até que despontou pela equipa principal ainda com 17 anos.

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Luke Shaw podia ter ido para o Chelsea aquando da contratação feita pelo United, mas na altura José Mourinho, treinador dos blues, não quis pagar tanto a um jogador tão jovem.

Curiosamente, os dois encontraram-se um par de anos mais tarde em Manchester e a relação entre os dois foi, no mínimo, polémica, com o técnico português a dizer às tantas depois de um jogo: “[Shaw] jogou bem porque esteve à minha frente e eu tomei todas as decisões. Ele tem de mudar o seu cérebro no que toca ao futebol. Precisamos das suas fantásticas qualidades técnicas e físicas. Mas ele não pode continuar a jogar com o meu cérebro”.

Ainda recentemente, já durante o Euro 2020, Mourinho criticou um jogo de Shaw, que respondeu. “Penso que foi um treinador brilhante, mas o passado faz parte do passado. Agora é hora de seguir em frente, eu faço isso mas obviamente ele não consegue. Estou habituado a que diga coisas negativas sobre mim. Ignoro e rio-me”, disse, antes do grande momento no Campeonato da Europa que chegou na final: depois de ter feito três assistências na prova, Luke Shaw estreou-se a marcar no 16.º jogo pelos ingleses e conseguiu aquele que foi o golo mais rápido de sempre numa final do Campeonato da Europa.