George W. Bush criticou esta quarta-feira a retirada das tropas da NATO do Afeganistão. Na opinião do homem que enviou as forças para aquele país, a saída é um “erro”. Presidente entre 2001 e 2009, Bush invadiu o Afeganistão e o Iraque na sequência dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

“Mulheres e raparigas afegãs sofrerão danos indescritíveis. É um erro”, advertiu, em declarações ao jornal alemão “Deutsche Welle”. “Serão deixadas para trás para serem massacradas por pessoas muito brutais e isso parte-me o coração”, lamentou o ex-Presidente republicano, numa entrevista concedida por ocasião da visita de Angela Merkel a Washington.

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Bush também disse pensar que a chanceler alemã “sente o mesmo”. O ex-Presidente prestou homenagem à “classe e dignidade” de Merkel, que deixará o cargo no outono, após 16 anos como líder do Executivo alemão. Quinta-feira a governante irá encontrar-se com o Presidente democrata, Joe Biden, na Casa Branca.

Talibãs Imparáveis

O chefe das forças militares dos Estados Unidos e da NATO no Afeganistão, general Austin Scott Miller, deixou funções esta segunda-feira, no quadro da retirada definitiva das tropas estrangeiras do território afegão. Ali, os talibãs continuam a conquistar terreno. A decisão de retirar, anunciada pelo anterior Presidente, Donald Trump, foi mantida por Biden.

Numa cerimónia em Cabul, Miller, que comandava as forças da coligação no país desde setembro de 2018, passou a chefia ao general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central do Exército (CenCom) norte-americano, com sede na Florida e responsável pelas atividades militares dos Estados Unidos em 20 países do Médio Oriente e da Ásia central e do sul, entre eles o Afeganistão.

Com a passagem das funções, em que os Estados Unidos dão mais um passo para pôr fim a 20 anos no Afeganistão, McKenzie assume a responsabilidade de poder autorizar eventuais ataques aéreos para defender o regime de Cabul, pelo menos até à retirada total dos Estados Unidos do país, prevista para 31 de agosto.

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Cerca de 2500 soldados norte-americanos e 7000 de outros países estavam presentes no Afeganistão quando foi iniciada a retirada, no início de maio. Segundo o Pentágono, 90% das tropas e equipamentos norte-americanos já deixaram o país. Algumas centenas de militares norte-americanos permanecerão para defender a embaixada dos Estados Unidos em Cabul.

A 8 de julho, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, declarou que a maioria das tropas britânicas que ainda estavam no Afeganistão, ou seja, 750 soldados designados para apoiar o treino de militares afegãos, já deixou o país. Os talibãs lançaram uma grande ofensiva no Afeganistão a partir de 1 de maio e vêm conquistando terreno.