Pelo menos 20 negócios de portugueses na África do Sul, na sua maioria em Gauteng, foram afetados por distúrbios violentos, saques e intimidação que se intensificaram nos últimos dias no país, disse esta quarta-feira à Lusa fonte da comunidade portuguesa. Em Joanesburgo, a capital económica do país, pelo menos sete talhos de um proprietário português foram afetados, adiantou.

Na segunda-feira, a Lusa noticiou que pelo menos seis grandes superfícies e uma loja de venda de álcool, em Gauteng, e outros três negócios também de empresários portugueses, filhos de madeirenses, em Durban e Pitermaritzburg, no KwaZulu-Natal, foram saqueados e vandalizados por completo.

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Os distúrbios violentos, que se alastram agora desde o Cabo à província de Mpumalanga, nordeste do país, junto à fronteira com Moçambique, apesar da presença no terreno de mais de 2.000 efetivos do Exército sul-africano, afetaram também nos últimos dias o funcionamento do consulado-geral de Portugal, em Joanesburgo. Metade dos funcionários encontra-se em teletrabalho devido à insegurança e à pandemia de Covid-19, que afetou cerca de seis funcionárias, explicou a fonte consular à Lusa.

A comunidade portuguesa residente na África do Sul, que se estima em cerca de 450 mil pessoas, está “em pânico”, referiu a fonte, salientando que além de inúmeros pedidos de atualização urgente de documentos, as pessoas querem também saber se Portugal está a considerar montar uma possível operação de evacuação aérea para os seus cidadãos residentes no país.

O Presidente Cyril Ramaphosa disse esta quarta-feira aos líderes dos partidos políticos com representação parlamentar na África do Sul, através de uma reunião online, que o governo está a intensificar os seus esforços e a trabalhar em parceria com a sociedade civil para conter a violência pública que afeta várias partes do país.

O chefe de Estado sul-africano também advertiu que “várias áreas do país podem em breve ficar sem provisões de bens essenciais, devido à rutura das cadeias de abastecimento de alimentos, combustíveis e medicamentos”, segundo um comunicado da Presidência da República.

A nota refere que os dirigentes dos partidos políticos caracterizaram a situação no país como “um atentado à ordem democrática que exigia uma resposta multifacetada a longo prazo, face aos profundos níveis de desemprego e pobreza”, destacando no imediato o reforço no terreno dos efetivos militares das Forças Armadas.

A União Africana (UA) condenou esta quinta-feira a “escalada de violência” na África do Sul, que já provocou pelo menos 72 mortos, e apelou a uma “restauração urgente da ordem, paz e estabilidade” no país.