O primeiro-ministro da Eslovénia acusou esta sexta-feira um comissário da União Europeia de ser mentiroso, após a publicação de um relatório anual sobre a observância do Estado de direito no bloco comunitário que apontou alguns desafios democráticos ao país balcânico.

O relatório da Comissão Europeia indicava que a liberdade e o pluralismo têm diminuído nos meios de comunicação eslovenos e denunciou a existência de casos de assédio online e ameaças a jornalistas.

O órgão executivo da União Europeia (UE) manifestou também preocupação com a recusa do governo do primeiro-ministro, Janez Jansa, de financiar a agência noticiosa pública nacional, Slovenian Press Agency ou STA.

O comissário europeu para Gestão de Crises, Janez Lenarcic, que é da Eslovénia, foi acusado por Jansa de agir contra os interesses da Eslovénia, depois de ter dito que havia preocupações quanto ao respeito do Estado de direito no país de cerca de dois milhões de habitantes situado entre a Áustria, a Croácia, a Hungria e a Itália. À chegada esta sexta-feira a uma reunião da UE na Eslovénia, o comissário europeu rejeitou a acusação.

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A Eslovénia está a ser prejudicada por aqueles que minam o Estado de direito e a liberdade de imprensa, e não por aqueles de nós que alertam para o facto de essa conduta ser problemática”, declarou, citado pela STA.

Lenarcic também negou acusações dos seus críticos dentro do governo de direita de que defendia que os fundos europeus se tornassem condicionais, fossem reduzidos ou mesmo retirados à Eslovénia.

Numa resposta publicada na rede social Twitter, o primeiro-ministro esloveno escreveu: “[Lenarcic] está a mentir. Estamos à espera de que ele inicie procedimentos judiciais, apresentaremos documentos internos lá”.

Jansa é acusado de se tornar cada vez mais autoritário, de uma forma semelhante ao seu aliado de linha dura, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán. Os seus detratores dizem que o governo de Jansa tem pressionado a imprensa eslovena, incentivado o discurso de ódio e gerido mal a pandemia de Covid-19.

Segundo Jansa, a UE tem dois pesos e duas medidas para o respeito do Estado de direito, adotando uma postura mais branda em relação aos países ocidentais.