Dezenas de manifestantes participaram esta quarta-feira no protesto convocado pela União Nacional de Trabalhadores da Guiné-Bissau (UNTG), que apenas percorreu cerca de 400 metros da Avenida Domingos Ramos, onde está localizada a sede da principal central sindical do país.

Apesar da UNTG e o Ministério do Interior terem chegado a um entendimento para a realização do protesto, aquele foi limitado à Avenida Domingos Ramos, no centro de Bissau, junto ao estádio Lino Correia, e os manifestantes impedidos de chegar à Assembleia Nacional Popular, por razões de segurança relacionadas com a presença de embaixadas no percurso.

A 14 de julho, a polícia dispersou um protesto da UNTG com gás lacrimogéneo, alegando que a manifestação não estava autorizada.

Apesar do curto percurso, os manifestantes fizeram-se ouvir gritando palavras de ordem contra o aumento de impostos, os deputados e o Governo.

“Vim reivindicar os meus direitos que estão a ser violados. É por isso que estou a participar nesta marcha”, disse à Lusa Elsie Lopes, uma das manifestantes. Questionada pela Lusa pela fraca afluência, Elsie Lopes afirmou que as pessoas têm medo e por isso ficaram em casa. “Vim exigir o cumprimento do acordo assinado entre o meu sindicato e o Governo”, disse o professor Amadu Djau.

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Para o professor, é preciso lutar, porque os “outros” lutaram e se tivessem tido medo hoje a Guiné-Bissau não seria independente.

“Há que dar continuidade aos atos e aproveito para encorajar a todos os colegas, funcionários públicos, para estarem aqui para reivindicarem os seus direitos que são violados constantemente”, afirmou Amadu Djau.

O técnico de laboratório Ensa Baldé afirmou que “dada a situação lamentável dos funcionários da Guiné-Bissau” é preciso sair à rua e exigir os nossos direitos e que o Governo cumpra com as suas obrigações e o que foi acordado com a UNTG.

“Há muitas pessoas que não vão participar porque acham que tudo está bem e há outras pessoas que não têm como participar por motivos alheios, mas isso não nos vais impedir, mesmo que fossem duas ou três pessoas iríamos reivindicar os nossos direitos”, disse Ensa Balde

Para Ensa Balde, os trabalhadores guineenses merecem mais, lamentando que não é normal um salário de 97 mil francos cfa (cerca de 147 euros) no setor da saúde, que é difícil encontrar uma casa em boas condições e o mínimo a pagar é 50 mil francos cfa (cerca de 76 euros), e o aumento dos preços de bens de consumo.

O protesto decorreu de forma pacífica sob o olhar atento das forças de segurança.

A central sindical tem convocado, desde dezembro, ondas de greves gerais na função pública, para exigir do Governo, entre outras reivindicações, a exoneração de funcionários contratados sem concurso público, melhoria de condições laborais e o aumento do salário mínimo dos atuais 50.000 francos cfa (76 euros) para o dobro.

A próxima manifestação realiza-se a 3 de agosto, feriado nacional, que assinala o massacre de Pindjiguiti, quando a polícia colonial portuguesa reprimiu um protesto de trabalhadores guineenses, provocando a morte a pelo menos 50 pessoas.