O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu no domingo a libertação dos dois canadianos presos na China numa aparente retaliação pela detenção no Canadá de uma executiva do grupo chinês de tecnologia Huawei.

“As pessoas nunca podem ser usadas como moeda de troca”, afirmou Blinken, quando se completam mil dias desde a detenção dos canadianos.

Michael Kovrig e Michael Spavor foram detidos na China, no que muitos países denunciaram como “política de reféns”, depois de o Canadá ter detido Meng Wanzhou, a pedido dos Estados Unidos.

Kovrig, um diplomata canadiano que trabalhava para uma organização internacional, e Spavor, empresário, foram presos e condenados por espionagem em tribunais chineses, em julgamentos fechados, num processo que, segundo o Canadá e dezenas de aliados, equivale a detenção arbitrária.

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“Hoje [segunda-feira] completam-se mil dias desde a detenção arbitrária dos cidadãos canadianos Michael Spavor e Michael Kovrig, pela República Popular da China”, observou Blinken.

“Estamos ombro a ombro com o Canadá e a comunidade internacional no apelo [à China] para que liberte, imediata e incondicionalmente, Michael Spavor e Michael Kovrig”, acrescentou.

O secretário de Estado norte-americano observou que a “prática de deter indivíduos arbitrariamente para exercer influência sobre governos estrangeiros é completamente inaceitável”.

A prisão de Meng Wanzhou, filha do fundador da Huawei, enfureceu Pequim, que vê o seu caso como parte de um movimento político destinado a impedir a ascensão da China.

Os EUA acusam a Huawei de usar uma empresa de fachada de Hong Kong, chamada Skycom, para vender equipamentos ao Irão, numa violação de sanções comerciais.

Familiares e partidários de Spavor e Kovrig estão a pressionar por algum tipo de solução política. No domingo, caminharam em Otava, para replicar os 7.000 passos que Kovrig tenta dar todos os dias na sua cela para manter o seu bem-estar físico e mental.

Spavor foi condenado a 11 anos de prisão por ameaçar a segurança nacional da China.

O Governo chinês divulgou poucos detalhes, além de acusar Spavor de passar informações confidenciais a Kovrig.

Ambos são mantidos em isolamento e tiveram pouco contacto com diplomatas canadianos.

A Embaixada da China em Otava protestou, no domingo, contra os comentários do ministro dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Marc Garneau, referindo-se à detenção arbitrária e à falta de transparência no processo judicial chinês.

Estas observações “infringiram gravemente a soberania judicial da China e violaram o espírito do Estado de Direito”, disse o comunicado da embaixada.

Três canadianos condenados em casos separados por tráfico de droga foram condenados à morte na China, em 2019.

Um deles, Robert Schellenberg, tinha recebido uma sentença de 15 anos, inicialmente, que foi abruptamente revista para pena morte, em janeiro de 2019, após a detenção de Meng em Vancouver.