De forma humilde, com paciência e muita convicção no trabalho que tinha preparado ao longo da temporada, Liliana Cá chegou à final do lançamento do disco nos Jogos Olímpicos de Tóquio como uma outsider que podia mesmo chegar a uma medalha. E era isso que estava à procura até que o azar lhe bateu à porta, quando caiu numa fase em que a chuva que se fazia sentir obrigava a uma interrupção na prova que demorou mais dez minutos do que devia, a rótula saiu do sítio e não teve capacidade depois para melhorar o quarto lugar que ocupava na geral, terminando a parte decisiva da prova numa inédita quinta posição.

Caiu, ligou o pé, a rótula saiu do sítio. Tentou mais sem êxito. Liliana Cá fez histórico quinto lugar mas chorou por não gostar de desistir

“Estou feliz mas não estou tão feliz como podia estar porque sabia que podia fazer mais, estava a sentir-me bem. Aquela queda acabou por me condicionar bastante, fiquei bastante insegura e não consegui fazer mais nada… Se estou com dores ainda? Estou… No último lançamento já não dava mais, o lugar já era bom e se era só para estragar mais o corpo mais vale parar e preparar para o próximo ano…”, admitiu em lágrimas, não pelo quinto lugar mas por ter sido obrigada a abdicar do último lançamento por não ter força para mais.

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Depois de uma carreira intermitente, onde passou pelo Sporting e pelo Benfica (neste caso uma passagem mais curta) além dos ingleses do New Ham & Essex Beagles quando viveu longos anos em Inglaterra, Liliana Cá esteve cinco anos sem competir mas voltou a ser desafiada pelo treinador Luís Herédio. O resultado ficou bem patente em 2021, não só com o quinto lugar nos Jogos mas também com a conquista de um novo recorde nacional que pertencia há muito a Teresa Machado. A atleta que representa hoje o Novas Luzes, um clube de Loures, tinha agora mais um desafio que passava pela grande final da Liga Diamante.

Numa prova que contava com todas as grandes referências na última edição dos Jogos Olímpicos à exceção da alemã Kristin Pudenz, a atleta portuguesa começou por lançar a 60,55, subiu depois para a quarta posição com a marca de 61,92 mas acabou por fazer depois três nulos quando arriscava um registo que ficasse mais perto do recorde nacional de 66,40 conseguido em março, acabando no quinto lugar. A competição foi ganha pela campeã olímpica Valarie Allman, norte-americana que marcou no quinto ensaio 69,20. Sandra Perkovic, croata que falhou de forma surpreendente as medalhas em Tóquio, acabou em segundo com 67,22, ao passo que o terceiro lugar foi para a cubana Yaime Pérez, bronze jogos últimos Jogos (64,83).

Até esta prova de Zurique, Liliana Cá tinha somado 11 pontos, com um sexto lugar em Florença (62,30, com vitória de Sandra Perkovic), uma quarta posição em Paris (62,43, também com triunfo de Sandra Perkovic) e um decisivo sexto posto em Bruxelas, conseguido a meio da última semana.