A Mercedes anunciou, durante o Salão de Munique, que decorre na Alemanha até 12 de Setembro, que abandona o desenvolvimento de novas motorizações híbridas plug-in (PHEV), segundo a imprensa germânica.

Este tipo de mecânica surgiu como o melhor de dois mundos, uma vez que alia uma pequena autonomia em modo exclusivamente eléctrico (hoje entre 50 e 100 km), para depois recorrer a motores térmicos para percorrer distâncias superiores, passando a funcionar como um híbrido convencional. Sucede que esta solução usufrui de importantes incentivos à compra, similares aos propostos para os modelos eléctricos, mas apenas reduz as emissões de forma sensível (para justificar as ajudas) caso o condutor recarregue a pequena bateria constantemente. Os estudos provam que tal não acontece, especialmente entre os modelos mais onerosos.

Os construtores alemães figuram entre os que mais têm recorrido aos PHEV, primeiro porque exigem menores investimentos (no aparelho produtivo e em termos de desenvolvimento) e, depois, porque beneficiam de uma forma muito favorável para a determinação do consumo e emissões, uma vez que se parte do princípio que a bateria está sempre recarregada no início do ciclo de medição e este se limita aos primeiros 100 km (e não depois da bateria estar esgotada). Esta falha na regulamentação leva até a que os fabricantes que investiram em motores térmicos optimizados para consumir e poluir menos, não sejam beneficiados em relação a outros mais virados para a potência do que para a economia.

Entre os fabricantes que mais apostaram nos PHEV, a Mercedes sempre teve um lugar de destaque, pois sobressaiu ao apostar em motores térmicos, tanto a gasolina como a gasóleo. A surpresa veio agora do facto de um porta-voz da marca da estrela prateada ter declarado, durante o Salão de Munique, que não haverá desenvolvimento de novos motores híbridos plug-in.

É efectivamente um anúncio importante, tratando-se de um construtor que tem dependido dos PHEV para respeitar os limites de emissões impostos por Bruxelas. Contudo, é sobretudo um argumento de marketing, uma vez que a marca já possui na sua gama alternativas PHEV em praticamente todos os segmentos, seja com baterias de pequena capacidade que permitem percorrer pouco mais de 50 km em modo eléctrico (o Classe E 300e, por exemplo, monta uma bateria de 13,5 kWh e anuncia 52 km entre recargas em WLTP), seja em modelos como o Classe C 300e, que adoptou um acumulador com 25,4 kWh, o que lhe garante uma homologação de 100 km entre visitas ao posto de carga.

O aspecto mais positivo desta decisão da Mercedes é a confiança manifestada pelos dirigentes germânicos que, ao prometerem versões eléctricas em todos os modelos da gama até 2025, parecem acreditar que isso será suficiente para cumprir os limites (mais apertados) de emissões de CO2 para 2025 e 2030.

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