A líder do movimento independente “Somos Todos Lisboa”, Ossanda Liber, defendeu esta terça-feira que é preciso humanizar a capital e arrancou oficialmente a campanha para as eleições autárquicas a propor a criação de um pelouro da inclusão.

“É possível a Câmara Municipal de Lisboa ir ao encontro daquilo que são os seus problemas [dos lisboetas], de os apoiar, ajudar. Queremos humanizar autarquia, é esse o mote desta candidatura, para que cada um dos lisboetas se sinta devidamente integrado na cidade”, disse à Lusa a cabeça de lista, à margem do concerto/comício que marcou o início da campanha, no Rossio.

Nascida em Angola e residente em Lisboa desde 2004, Ossanda Liber referiu que o movimento escolheu a inclusão como um dos seus pilares, porque foram para a rua e perceberam que havia gente que precisava de representatividade e de “uma proposta independente, desprovida de compromissos partidários”.

Ossanda Líber considerou que “a cidade tem evoluído bastante, pela positiva”, mas disse sentir que “não está a ser desenhada para todos os lisboetas”, nomeadamente pessoas com dificuldades de locomoção, deficientes, cegos, entre outros, e apontou a necessidade de resolver a questão dos sem-abrigo na capital.

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“Há várias razões que levam as pessoas para rua e são razões que se podem perfeitamente resolver, basta que haja uma política orientada para estas pessoas. Daí que queremos propor aos lisboetas que aprovem a criação de um pelouro pela inclusão, que se iria ocupar das pessoas”, defendeu a candidata, que faz 44 anos na quarta-feira.

Ossanda Líber sublinhou que Lisboa é uma cidade pequena, quando comparada com outras capitais europeias, defendendo que se deve “incentivar a câmara a utilizar o dinheiro que tem para que as pessoas estejam melhor”, já que há condições económicas para isso.

Para separar o “Somos Todos Lisboa” de partidos que no seu discurso também defendem os valores da inclusão e da igualdade, a líder do movimento notou que a grande diferença é que nunca vão distinguir ninguém, nem beneficiar um grupo em detrimento de outro.

Nós achamos que devemos encontrar harmonia entre os ciclistas e os condutores, entre proprietários e inquilinos, entre o alojamento local, a hotelaria e os condomínios. Somos pelo diálogo, não queremos uma política intimidatória, com medidas muitas vezes intempestivas. Enquanto cidadã, não reconheço à Câmara Municipal de Lisboa legitimidade para decidir se eu devo andar de bicicleta ou de carro”, afirmou.

Como exemplo, Ossanda Liber elencou a política para redução de carros na cidade, com a qual concorda, mas que não pode passar por “quase exercer ‘bullying’ sobre os condutores”, e as “multas desproporcionais” aplicadas pela EMEL – Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa.

Sobre as suas expectativas eleitorais, a líder do movimento disse que um bom resultado seria o “que permitisse estar lá, para levar o recado dos lisboetas e conseguir influenciar a tomada de decisões”.

Além de Ossanda Liber, concorrem à Câmara de Lisboa Fernando Medina (coligação PS/Livre), Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), Beatriz Gomes Dias (BE), João Ferreira (PCP), Bruno Horta Soares (IL) Nuno Graciano (Chega), Manuela Gonzaga (PAN), Tiago Matos Gomes (Volt), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR) e Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!).

As eleições autárquicas realizam-se dia 26 de setembro.