“Coisas de Homens”

A memória da colonização e da guerra na Argélia assombra as duas principais personagens de “Coisas de Homens”, que o belga Lucas Belvaux filmou com base no romance de Laurent Mauvignier. Bernard (Gérard Depardieu) e o seu primo Rabut (Jean-Pierre Darroussin) serviram ambos no Exército antes da independência argelina e ficaram marcados pelo que lá viram os guerrilheiros fazer a militares e civis, e por sua vez fizeram ou deixaram os seus camaradas fazer àqueles e às populações. Mas essas vivências calaram muito mais fundo no primeiro, que se transformou num homem amargo, intratável, imprevisível e temido na sua vila natal. Lucas Belvaux não se limita à condenação unilateral dos excessos e abusos cometidos pelos franceses na Argélia, referindo também as atrocidades da FLN sobre militares e civis franceses, bem como sobre os argelinos que conviveram com eles e combateram sob as suas ordens (e este é um dos raros filmes franceses a fazê-lo), embora “Coisas de Homem” acabe por resultar monocórdico, arrastado e pouco nítido, com várias “vozes” narrativas que se confundem, e não deixa que o espectador distinga bem, nos “flashbacks” para os anos 60 na Argélia, quem é quem nas personagens quando jovens.

“007: Sem Tempo Para Morrer”

No 25º filme da saga James Bond, e último de Daniel Craig como 007, realizado por Cary Joji Fukunaga, encontramos o maior agente de Sua Majestade reformado e a gozar a vida na sua casa à beira-mar na Jamaica. Só que o repouso não dura muito porque o seu velho amigo Felix Leiter (Jeffrey Wright), da CIA, o vai desinquietar para que Bond o ajude a resgatar um cientista que se bandeou para o lado de um misterioso vilão, Safin (interpretado em registo de psicopata zen por Rami Malek), que está de posse uma nova e temível arma biológica, com a qual ameaça toda a humanidade. Bond aceita, não fazendo ideia de como esta derradeira missão o vai afectar emocional e pessoalmente. O filme tem muita acção espectacular como esperamos sempre das aventuras de 007, mas também vários reencontros e despedidas, e uma grande e totalmente inesperada surpresa no final. “007: Sem Tempo Para Morrer” foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.

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