Horas e horas de conferências, audiências cheias e pavilhões cheios de pessoas. Este era o cenário da Web Summit até 2019. Depois, em 2020, o evento teve de ser online devido à pandemia de Covid-19. A Feira Internacional de Lisboa (FIL) e o Altice Arena ficaram vazios e até de pijama se pôde acompanhar o evento. Chegamos a 2021 e, de segunda-feira a quinta-feira (1 a 4 de novembro), a Web Summit regressa em formato presencial. Contudo, não vai ser tudo igual. Há certificados de vacinação para apresentar, testes antigénios e uma regra de ouro: usar máscara.

Como explicou ao Observador Paddy Cosgrave, presidente executivo e fundador da Web Summit, a organização do evento tem “trabalhado de forma muito próxima com a Direção-Geral da Saúde, com as entidades de saúde, com o Governo e com a OMS (Organização Mundial da Saúde)”. Isto significa que, este ano, há novos protocolos e regras sanitárias que os visitantes têm de cumprir. Além disso, Paddy assume também que está preparado para cancelar o evento de um dia para outro em caso de surto.

É um protocolo que implementámos e é aquilo que qualquer grande evento faz. Vai ser o mesmo que acontece num estádio de futebol. Um estádio de futebol teria procedimentos implementados em que apenas têm de aceitar algumas decisões para controlo de multidões”, diz Paddy Cosgrave quanto às medidas sanitárias para a Web Summit.

Como tem sido extensamente divulgado pelos responsáveis do evento em parceria com o Governo, todas as regras são resultado de cooperação entre todas as entidades. Tudo a começar pelo número de participantes que a organização espera: cerca de 38 mil pessoas (e não 70 mil, como em 2019). 

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Na sexta-feira à tarde, o Observador tentou contactar a Direção-Geral de Saúde (DGS) para obter mais informações relativamente a planos de contingência para este evento, tendo obtido resposta esta terça-feira. De acordo com a entidade, “foram realizadas múltiplas reuniões, bem como apresentado um plano de contingência, que foi apreciado pela Autoridade de Saúde localmente competente, com a concordância da DGS”. “Na sequência deste trabalho, foram recomendadas medidas protetoras em conformidade com as orientações gerais da DGS para eventos com mais de 1000 participantes em ambientes fechados”, adiantou a entidade.

Máscaras e certificados digitais, mas o distanciamento social não é obrigatório

Comecemos pela entrada na Web Summit. Até 2019, e à semelhança de outros grandes eventos, este já não era um processo rápido. É preciso um bilhete validado com a app oficial, um documento de identidade com fotografia e é sempre necessário passar por um revisor de segurança que garante que não leva objetos perigosos para o recinto.

Este ano, a Web Summit receberá menos trinta mil pessoas. Todos os participantes deverão usar máscara

Além disso, este ano adiciona-se a estes passos uma destas opções: um Certificado Digital Covid da União Europeia, um certificado de vacinação ou recuperação de um país terceiro com “regras recíprocas”, um teste PCR negativo válido nas últimas 72 horas; ou um teste de antigénio negativo válido nas últimas 48 horas.

Quanto ao certificado digital, provavelmente já o conhece: é obtido através da app SNS24 e validado no evento como foi feito até recentemente para a entradas em restaurantes. Se o certificado não for da União Europeia, a organização só vai aceitar outro dos seguintes países: Albânia, Andorra, Suíça, Ilhas Faroé, Israel, Islândia, Liechtenstein, Marrocos, Mónaco, Macedónia do Norte, Noruega, Panamá, São Marino, Turquia, Reino Unido, Ucrânia e Vaticano. Já quanto aos testes de antigénio com resultado negativo, estes devem ser apresentados com “comprovativo eletrónico ou impresso contendo o nome do participante e a data de validade”.

Se não tiver um teste feito ou tiver um problema com o certificado de vacinação, a organização do evento anunciou uma parceria com a Unilabs. Qualquer participante que queira fazer um teste, paga 60 euros (menos 40% do que o preço normal), e receberá um resultado em 18 horas, dizem a Web Summit e estes laboratórios. Dentro do local do evento haverá também postos de testagem, mas os responsáveis deixam um aviso: “Vão ser limitados”.

Além destes passos para a entrada no evento, a principal diferença nesta Web Summit do novo normal em relação a 2019 será o uso de máscaras. “Todos os participantes deverão usar máscaras em ambientes internos e externos dentro das linhas de acesso ao evento”, refere a organização do evento na sua página oficial. À semelhança do que ainda se vê em centros comerciais, a “única exceção” para esta regra será para “participantes a comer ou beber, e quem apresente mesas redondas, fale nos palcos da Web Summit, atue diante das câmaras ou transmita entrevistas”, adiantam os responsáveis do evento.

Como há as tais “linhas de acesso ao evento” — corredores criados para os participantes percorrerem –, a Web Summit afirma que não vai impor distanciamento social porque, “em Portugal, atualmente não existem regras” que o exijam. Porém, “quando o distanciamento social não poder ser garantido, as máscaras serão necessárias”, refere a organização da conferência.

De resto, espere a mesma Web Summit de sempre. E, em caso de surto, prepare-se para o evento poder se cancelado de um dia para o outro, como já assumiu Paddy Cosgrave.

“Quem precisa de 5G, quando tem o sol?”. Um dia a trocar mensagens com Paddy Cosgrave

*Artigo atualizado a 2 de novembro, às 15h16, com resposta da DGS.