O filme “Diários de Otsoga”, de Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro, será exibido nos festivais de cinema de Sydney, na Austrália, e de Sevilha, em Espanha, que começam esta semana, revelou a produtora.

O festival de Sydney começa na quarta-feira e o de Sevilha na sexta-feira e, em ambos, “Diários de Otsoga” integra a seleção oficial.

“Diários de Otsoga” teve estreia mundial em julho, no festival de Cannes, e é a primeira longa-metragem coassinada por Miguel Gomes e Maureen Fazendeiro.

O filme foi rodado em agosto de 2020, em plena pandemia da Covid-19, num registo diarístico, com os atores Crista Alfaiate, Carloto Cotta e João Nunes Monteiro fechados numa casa com um jardim, onde decidem construir um borboletário.

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“Diários de Otsoga” não é um filme sobre a pandemia ou sobre o confinamento. “Tem qualquer coisa de antídoto a este tempo. É um filme sobre estar com outras pessoas”, afirmou Miguel Gomes, em entrevista à agência Lusa, em agosto passado, aquando da estreia nos cinemas portugueses.

O argumento é de Mariana Ricardo, Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes, e todos eles — técnicos, atores, duas cozinheiras e outros elementos da produção — entram no filme, discutindo e construindo coletivamente a narrativa à medida que ela foi sendo feita.

“Não houve escrita, não houve trabalho de preparação. Fazia parte da ideia do filme de, no local, tentar improvisar um filme com a equipa”, tendo apenas algumas ideias de base da estrutura, contou Maureen Fazendeiro à Lusa.

No entanto, este é um diário fílmico invertido, com os realizadores a subverterem a lógica temporal. O início do filme, que começa com um beijo, é na verdade o último dia da rodagem, e à medida que os dias são filmados percebe-se a intromissão da pandemia na produção.

Para o realizador, este filme é sobre o desejo de se reconectar com as outras pessoas.

É um filme sobre uma velha questão que existe agora, com Covid ou sem Covid, ‘como é que é esta coisa de vivermos juntos, de sermos uma comunidade’. Esse desejo de filmar uma comunidade nasceu como reação ao isolamento que nos foi imposto, do confinamento”, disse.

Desde a estreia na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, “Diários de Otsoga” já percorreu quase uma vintena de festivais e mostras de cinema, nomeadamente em Toronto (Canadá), Karlovy Vary (República Checa), Chicago e Nova Iorque (Estados Unidos), Busan (Coreia da Sul) e São Paulo (Brasil).