O supervisor ASF garante que não deu qualquer informação às diferentes listas candidatas às eleições do Montepio acerca das perguntas e recomendações feitas às demais. O esclarecimento oficial, pedido pelo Observador, surge depois de o candidato a presidente do conselho de administração da mutualista Montepio Pedro Gouveia Alves, que lidera a Lista D às próximas eleições, ter garantido publicamente que esta lista “foi a única” a quem o supervisor ASF não pediu esclarecimentos adicionais nem impôs recomendações, no âmbito do processo de registo prévio que esteve em curso. Esta é a mesma lista que, como foi noticiado por vários jornais, viu o anterior candidato a presidente sair por oposição do supervisor.

“A ASF informou em exclusivo cada lista sobre as suas decisões quanto ao registo dos candidatos aos órgãos sociais da Montepio Geral Associação Mutualista, não tendo por isso partilhado essa informação com as demais”, afirmou ao Observador fonte oficial do supervisor que teve nos últimos meses a missão de fazer uma avaliação prévia da adequação dos candidatos das quatro listas que vão concorrer às eleições de 17 de dezembro.

Segundo publicações como o jornal Eco, Pedro Gouveia Alves afirmou na apresentação da candidatura, esta terça-feira, que a sua lista “foi a única” a quem a ASF não impôs nenhuma recomendação nem pediu esclarecimentos adicionais sobre qualquer um dos candidatos.

O Observador sabe, porém, que todas as listas tiveram questões colocadas pelo supervisor – e que foram esclarecidas pelas respetivas listas ou, então, que levaram a que algumas pessoas saíssem das listas para órgãos como o conselho de administração ou o conselho fiscal e passassem a candidatos à futura assembleia de representantes (como foi o caso da ex-deputada Ana Drago, pela lista C).

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No caso da Lista D, de Pedro Gouveia Alves, essas questões colocadas pelo supervisor levaram, até, à saída do candidato a presidente, como noticiaram não só o Observador mas, também, outros jornais como o Eco. Oficialmente, foram “razões pessoais” que levaram ao afastamento do anterior candidato a presidente, João do Passo Vicente Ribeiro.

O Observador, que não foi convidado a participar no evento de lançamento da candidatura da Lista D, consultou fontes das outras três listas concorrentes – A, B e C – que confirmaram que tiveram múltiplas questões por parte do supervisor, mas garantiram que não lhes foi dada qualquer informação sobre o que estava a ser feito com as outras listas, até porque isso poderia configurar um favorecimento de umas listas em detrimento de outras, por parte do supervisor.

Quando deu o registo prévio às quatro listas, a ASF indicou que “a avaliação dos requisitos de qualificação, idoneidade, disponibilidade e independência dos titulares dos órgãos de  administração e fiscalização das associações mutualistas sujeitas ao regime transitório de adaptação ao regime de supervisão das empresas de seguros é, nos termos da Lei, efetuada previamente ao exercício de funções”. Porém, “tais requisitos de acesso à função passíveis de reavaliação a todo o tempo“.