O presidente do Chega acusou esta quinta-feira o ministro da Defesa de ter mentido sobre quem e quando informou após tomar conhecimento das suspeitas de envolvimento de militares portugueses numa rede criminosa e exigiu a sua imediata demissão.

Esta posição foi transmitida pelo deputado André Ventura na Assembleia da República, numa declaração em que anunciará que apoiará os pedidos do PSD e Bloco de Esquerda para que o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, seja ouvido no parlamento.

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André Ventura disse que esta quarta-feira se ficou a saber que a missão das Nações Unidas na República Centro Africana (RCA) apenas teve conhecimento da denúncia sobre este caso de tráfico de diamantes, ouro e droga em 2021, “quando o ministro tinha informado a ONU dessa situação em 2020”.

“Foi dito nessa altura que devido a pareceres jurídicos não tinha sido informado o Presidente da República e o próprio primeiro-ministro, o que é um bocado estranho dada a cadeia de comando do próprio Governo.  Hoje sabemos que alguém estava a mentir, porque a missão da ONU diz que apenas tomou conhecimento dessas denuncias em 2021″, reforçou o deputado único e líder do Chega.

Para André Ventura, o ministro da Defesa teve conhecimento do caso por denúncia e, das duas uma: “Ou mentiu ao país quando disse que não transmitiu ao Presidente da República e ao primeiro-ministro para proteger politicamente estas duas entidades; ou mentiu à sua cadeia de comando, quer ao primeiro-ministro, quer ao Comandante Supremo das Forças Armadas, o Presidente da República”.

“Independentemente daquilo que sabiam efetivamente o Presidente da República e o primeiro-ministro, e até atendendo ao filme a que já assistimos no caso de Tancos, há um dado evidente: O ministro da Defesa mentiu. Ou mentiu ao país, ou mentiu à sua cadeia de comando”, insistiu.

Por essa razão, segundo o presidente do Chega, o ministro da Defesa “não tem outra opção que não seja abandonar o Governo”.

“O Governo não se demitiu. Caso se tivesse demitido, então talvez não fizesse sentido a exigência de demissão” de João Gomes Cravinho de um Governo demissionário, argumentou depois André Ventura.

Perante os jornalistas, o presidente do Chega sugeriu ainda à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue não apenas os militares suspeitos de crimes, mas, também, toda a rede criminosa.