A decisão do Comité Olímpico Internacional coloca um ponto e vírgula num assunto que se arrastava há vários anos: de acordo com as novas regulamentações, as atletas transgénero não devem reduzir os níveis de testosterona através de medicação para competir nas categorias femininas.

As novas regras do Comité Olímpico substituem a regulamentação que estava em vigor desde 2015 e também concluem que não deve existir a assunção imediata de que as mulheres transgénero têm vantagem em relação às adversárias — algo que é a total inversão da anterior posição do organismo. Ainda assim, e naquele que é o pormenor que torna esta decisão um simples ponto e vírgula e não um ponto final, o Comité Olímpico dá liberdade a cada modalidade para adotar as regras que quiser, incluindo a manutenção da exigência de redução dos níveis de testosterona através de medicação.

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“Essas decisões deverão ser tomadas com base em ciência robusta e revista que demonstre uma vantagem competitiva e/ou um risco não evitável para a saúde das atletas que seja consistente, injusto e desproporcional”, indica o Comité Olímpico. De recordar que, até aqui, o organismo recomendava que as atletas transgénero suprimissem os níveis de testosterona ao longo de 12 meses para poderem competir. De acordo com o The Guardian, a World Athletics já decidiu que não pretende fazer qualquer alteração às normas em vigor e vai por isso continuar a exigir a redução da testosterona.

Estas novas regulamentações, que incluem 10 pontos, foram preparadas em conjunto com mais de 250 atletas e vão entrar em vigor nos Jogos Olímpicos de inverno de Pequim, no próximo ano. Para além das atletas transgénero, a regra vai aplicar-se às atletas com um desenvolvimento sexual fora do normal — como é o caso de Caster Semenya, a velocista sul-africana que é bicampeã olímpica nos 800 metros e que há muito critica esta tomada de posição do Comité Olímpico.

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