A diretora-geral da Saúde assumiu ser “claramente a favor da vacinação” de crianças, apesar de a decisão final estar dependente do grupo de especialistas de pediatria, que irá entregar um parecer à Direção-Geral da Saúde (DGS) esta quinta-feira.

Em entrevista à RTP3, a responsável da DGS afirmou na noite desta quarta-feira que irá esperar pelo parecer “com humildade” e que irá respeitar a decisão dos especialistas, mas não teve pejo em deixar claro que é a favor da vacinação para os mais novos.

Em primeiro lugar, a diretora-geral da Saúde apontou que, atualmente, “este é o grupo etário que tem mais infeção — de longe”. Mas, para além da circulação do vírus, Graça Freitas apontou os efeitos da doença sobre as crianças como razão principal para defender a vacinação.

“Há casos graves de Covid em crianças”, afirmou a responsável da DGS, tanto em casos de crianças com doenças prévias, mas não só. “Temos internamentos de crianças saudáveis anteriormente”, garantiu. Para além disso, os “isolamentos sucessivos” das crianças com doença ligeira “também têm impacto na saúde mental”, avisou Graça Freitas.

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Apesar de reconhecer que irá “respeitar” a decisão do grupo de especialistas, a diretora-geral explicou que já está a ser planeado o calendário de vacinação de crianças para janeiro. “Não podemos estar à espera de uma decisão para pôr o mecanismo logístico a funcionar”, afirmou. Se medida não for aprovada, vacinas podem ser doadas ou vendidas, explicou.

Ómicron exige “calma”. Primeiro jogador do Belenenses infetado testou negativo em dois PCR

A diretora-geral da Saúde falou também sobre a presença da variante Ómicron em Portugal e, em particular, sobre o surto ligado à equipa da Belenenses SAD. Questionada sobre os critérios que levaram o delegado de Saúde a não isolar toda a equipa, Graça Freitas classificou a escolha como legítima, relembrando que “a investigação continua”.

“O delegado de Saúde toma decisões com base numa análise de risco”, afirmou a diretora-geral da Saúde, que aproveitou para dar uma notícia: “O jogador que testou primeiro teve um primeiro teste antigénio positivo, mas todos os testes que fez posteriormente, incluindo o PCR, foram negativos”. Segundo a diretora-geral da Saúde, o jogador fez dois testes PCR que deram negativos, ao contrário do auto-teste, o que provoca muita incerteza em relação a este caso, podendo não ter sido o jogador que veio da África do Sul a trazer a variante.

Graça Freitas explicou ainda que dos 24 casos positivos ligados ao Belenenses SAD, já há confirmação do Instituto Ricardo Jorge de que pelo menos 19 são casos da nova variante. Os restantes cinco estão à espera do resultado da sequenciação por parte do Instituto.

Por ainda ser uma realidade pouco conhecida, a diretora-geral da Saúde diz que é necessário “calma” relativamente à Ómicron. “Não quer dizer que uma variante de preocupação venha a ser uma variante preocupante”, disse Graça Freitas.

Assumindo que ainda se sabe pouco sobre a rapidez da transmissão e a eficácia da vacina nesta variante, a diretora-geral da Saúde sublinha que é necessário manter um “princípio de responsabilidade” devido à incerteza. “Até que a ciência nos conduza, vamos pelo princípio da precaução na saúde pública”.