Depois da Hyundai/Kia e da Stellantis – incluindo todas as suas marcas que antes integravam a PSA e a FCA –, é a Mercedes que se junta à Factorial Energy, uma empresa de Massachusetts menos conhecida, mas cujo trabalho no desenvolvimento de acumuladores em que o electrólito líquido cede o seu lugar a um sólido, tem chamado a atenção de muitos construtores de automóveis.

Daí que algumas marcas tenham decidido investir nesta startup com seis anos de vida, para não só acelerar o desenvolvimento, como também usufruir desta nova tecnologia em primeira mão, caso a Factorial consiga efectivamente produzir uma bateria sólida. Que muitos já prometeram para breve, mas ainda ninguém foi capaz de materializar essa promessa.

As baterias sólidas, com uma tecnologia que as torna mais seguras, mais rápidas de recarregar, com maior densidade energética e mais baratas, são tudo o que um fabricante de veículos eléctricos pode desejar. Caso este tipo de acumuladores surgisse repentinamente no mercado, os construtores de automóveis conseguiriam reduzir o risco de incêndio dos seus modelos, enquanto incrementavam a sua autonomia e diminuiriam o seu custo.

Stellantis quer bateria sólida para os eléctricos

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Para atrair o investimento de três grandes grupos industriais, como o Hyundai Motor Group, a Daimler e a Stellantis, a Factorial Energy promete conseguir “ser a primeira a fabricar, em todo o mundo, uma célula com electrólito sólido capaz de atingir 40 amperes à temperatura ambiente”, o que representa um passo em frente gigantesco. O novo electrólito, que a empresa denomina FEST (de Factorial Electrolyte System Technology), deverá assegurar um ganho de 20% a 50% na autonomia. Contudo, não é avançada qual a densidade energética que pensam atingir, seja em termos de kWh/quilograma ou kWh/litro.

A CEO da Factorial Energy, Siyu Huang, com a célula que já forneceu em testes 40 amperes à temperatura ambiente

A CEO da Factorial Energy, Siyu Huang, assegurou que o investimento dos poderosos fabricantes de automóveis irá “acelerar a comercialização desta tecnologia, permitindo o desenvolvimento de baterias que garantam mais autonomia e mais segurança, ainda que possam ser fabricadas nas actuais linhas de produção”.

Nenhum dos grupos automóveis envolvidos revelou os valores que investiram no especialista em baterias do Massachusetts, apesar de a Daimler ter admitido, através do seu responsável pelo desenvolvimento e tecnologia, Markus Schäfer, que o investimento foi “na ordem dos ‘elevados’ dois dígitos de milhões de dólares”. Mas mesmo que sejam 99 milhões de dólares, trata-se de uma gota de água para ter acesso a tecnologia de topo, sobretudo num construtor que recentemente anunciou pretender comprar baterias no valor 23 mil milhões de dólares durante os próximos nove anos.