A jogar com Ronaldo, ao longo de quase uma década, Karim Benzema apenas numa ocasião conseguiu superar a barreira dos 30 golos numa temporada; desde que o português optou por sair para Turim (sendo que entretanto já deixou a Juventus pelo Manchester United), passou essa fasquia em duas das três épocas e na outra foi aos 27 e acabou como melhor marcador. Pelo peso quase institucional, Sergio Ramos era a referência do Real Madrid. Pelo peso em campo, o tridente Casemiro-Kroos-Modric é a referência do Real Madrid. Pela mistura de ambos, o avançado francês ficará como uma referência do Real Madrid.

O futuro do Real Madrid: equação Bernabéu, Benzema, o irmão mais velho Zidane e a Superliga Europeia (o quanto antes)

Os números na época que marca o regresso do experiente Carlo Ancelotti à capital espanhola mostram isso mesmo, com o número 9 a ter uma média de quase um golo por jogo: 12 em 15 na Liga, cinco em cinco na Champions. No entanto, e quando estava a acompanhar com remates certeiros a melhor fase da temporada da equipa com sete vitórias consecutivas, uma lesão logo aos 17′ da sempre complicada deslocação ao País Basco para defrontar a Real Sociedad acabou por afastar o avançado do jogo decisivo pelo primeiro lugar do grupo D da Champions frente ao Inter. E as soluções, mesmo existindo, não eram as mesmas.

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Vinícius, não sendo um goleador puro, estava lá. E Rodrygo, a partir da direita, iria procurar outro tipo de movimentos, dando o flanco a Carvajal juntando-se muitas vezes sem bola ao corredor central. E ainda havia Jovic, o “patinha feio” que era a outra opção direta para o eixo avançado. No entanto, mais do que nomes, Ancelotti pedia compromisso, aproveitando também a conferência de imprensa de antevisão ao encontro frente ao conjunto de Milão para deixar uma resposta a Varane, central que está hoje no Manchester United e que lamentou que os adeptos não felicitassem a equipa após vitórias na Champions. No final, o que pediu cumpriu-se mas quem conseguiu essa materialização foi o tridente do meio-campo.

“Nível da Champions? Temos de competir contra todos com qualidade e experiência, nada mais. Se queres ganhar tens de cruzar com os melhores, é igual se nos oitavos ou nos quartos. Não sei se vamos ganhar ou não, sei que vamos competir por isso. Palavras de Varane? A exigência é a história deste clube, o que ganhou mais vezes na Europa. É exatamente por essa exigência. Se estás aqui, tens de saber isso. Nunca podes ficar contente, tens de seguir sempre em frente. Quando ganhámos a décima festejámos mas a seguir sabíamos que o caminho continuava. O nosso objetivo é chegar à final da competição, sabendo que será muito difícil. Para já, o foco é ganhar ao Inter, sem pensar no clássico”, destacara.

No final, o Real Madrid, líder cada vez mais destacado da Liga espanhola e que no próximo fim de semana vai receber o Atl. Madrid no Santiago Bernabéu para tentar reforçar ainda mais a posição, voltou a dar mais uma aula nesta nova versão Ancelotti 2.0, percebendo de forma perfeita os momentos do jogo, não ficando abatido com a melhor entrada do Inter de Simone Inzaghi que criou perigo por Perisic e Brozovic, fazendo o golo inaugural da partida e conseguindo a partir daí a melhor gestão para vitória.

Sem Benzema, e mesmo com três avançados na frente de início, foi do meio-campo que nasceu o 1-0 e com três pormenores fantásticos de três jogadores talhados para os grandes momentos: Modric conduziu a jogada a ganhar metros com bola controlada, Casemiro surpreendeu ao abrir as pernas à entrada da área para deixar passar a bola e Toni Kroos rematou cruzado para um grande golo (17′). O intervalo chegaria com uma bola no poste de Rodrygo mas só mesmo no segundo tempo voltariam os golos, com o Real a aproveitar a superioridade numérica pela expulsão de Barella (64′) para ter ainda mais posse de bola e “fechar” o jogo por Asensio, com um remate fantástico sem hipóteses para Handanovic (79′).