O que o FC Porto perdeu esta terça-feira, contra o Atl. Madrid, não foi apenas um jogo. O FC Porto perdeu os 2,7 milhões de euros que vale cada vitória na fase de grupos da Liga dos Campeões, perdeu os 9,6 milhões de euros que vale o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, perdeu a 13.ª passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões e perdeu um dos objetivos da temporada. Tudo numa noite que poderá ser determinante para o que falta de 2021/22.

Quando a cabeça não tem juízo, é o Pepe que paga (a crónica do FC Porto-Atl. Madrid)

De repente, feitas as contas, os dragões estão eliminados da Taça da Liga e da Liga dos Campeões, ou seja, têm a temporada reduzida à Liga Europa, à Primeira Liga e à Taça de Portugal, sendo que nesta última vão ter de disputar uma eliminatória complexa com o Benfica. A saída precoce do FC Porto da principal competição europeia de clubes, principalmente tendo em conta que dependia apenas de si mesmo, podia até empatar e jogava em casa, é o falhanço inevitável de uma das premissas das quais Sérgio Conceição nunca abdica — chegar o mais longe possível na Champions, junto aos melhores clubes da Europa.

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Na flash interview, Sérgio Conceição não esqueceu as oportunidades desperdiçadas ao longo de todo o jogo mas não teve receios na hora de explicar o momento em que tudo ruiu — a expulsão de Wendell. “Sim, estou abatido. Este jogo foi a imagem do que foram os nossos jogos nesta fase de grupos. Primeiro, quero salientar que estivemos até aos 90 minutos a disputar um acesso aos oitavos de final onde estavam algumas das equipas com mais títulos na Champions e, se calhar, com mais candidatos a ganhar a prova. Mais uma vez, aquilo que produzimos até à expulsão do nosso jogador foi o suficiente para estarmos a ganhar. Foi um bocadinho a imagem do que se passou nesta fase de grupos, não fomos eficazes, falhámos golos em momentos importantes. O golo do Atl. Madrid aconteceu numa bola parada. Continuámos em busca daquilo que queríamos, que era ganhar o jogo. Acontece a expulsão do jogador do Atl. Madrid e havia 30 minutos ainda para jogar e depois há uma infantilidade do nosso jogador, temos de o dizer e temos de ser diretos. Não é normal, com 0-1, o adversário com menos um jogador, nós colocarmo-nos a jeito. Para lá do minuto 90, foi mais o coração do que a estratégia de jogo. Aconteceu o que aconteceu. É uma derrota pesada num jogo em que tínhamos tudo para ganhar”, disse o treinador dos dragões.

“O futebol é um recomeçar constante. Temos consciência do que fizemos e não fizemos. Apesar da história do FC Porto na Europa, a história não joga. Temos pouca gente com experiência nesta prova e isso notou-se hoje, tendo em conta a diferença na forma de estar em campo. Há provas para ganhar esta temporada. Estaremos sempre à altura do clube que representamos. Não tenho dúvidas (…) Excetuando o momento em que o Wendell perdeu a cabeça, tudo o resto foi determinação e ambição e aproveito para agradecer aos adeptos, que preferem vitórias, o apoio no final de jogo. É incrível como ficaram tantas pessoas a aplaudir o trabalho dos jogadores. É sinónimo de respeito e reconhecimento pela ambição demonstrado em campo. Tentamos ao máximo o acesso aos oitavos”, terminou Sérgio Conceição, sublinhando que o Campeonato é o “principal objetivo” do FC Porto.

O FC Porto terminou a fase de grupos com 11 golos sofridos, igualando o pior registo que datava de 1997/98 e de um grupo que também tinha Real Madrid, Olympiacos e Rosenborg. Desde 2013/14 que os dragões não somavam tão poucos pontos na ronda inicial da Liga dos Campeões, cinco, e desde 2015/16 que não caíam para a Liga Europa. Ainda assim, com as alterações das regras das competições, a equipa de Sérgio Conceição não vai entrar diretamente para os 16 avos de final, como era habitual — vai sim disputar um playoff de acesso aos oitavos de final com um segundo classificado da fase de grupos da Liga Europa.