O secretário da Saúde do Governo dos Açores, Clélio Meneses, afirmou esta segunda-feira que o executivo tem uma “aposta estratégica muito grande” na prevenção das dependências, considerando “assustadores” os números do consumo de droga na região.

Em declarações à agência Lusa, o governante, membro do executivo PSD/CDS-PP/PPM, considerou as dependências como um “problema transversal” que afeta a sociedade açoriana de forma “dramática”.

“Há, da parte do Governo, uma aposta estratégica muito grande na prevenção porque entendemos que é isto que, a médio e a longo prazo, vai fazer com que não tenhamos o problema que está a existir nos Açores”, declarou, após a entrega de uma viatura à ARRISCA – Associação Regional de Reabilitação e Integração Sociocultural dos Açores, com sede em Ponta Delgada.

O secretário regional lembrou que o governo açoriano já apresentou um plano “robusto” e “muito bem definido” para combater as dependências na região.

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“Apresentamos já um plano de prevenção para as dependências. Entendemos que uma grande parte desse trabalho deve ser a montante, através da prevenção”, apontou.

Segundo um estudo de 2019, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), dedicado aos jovens entre os 13 e os 18 anos, os Açores estão acima da média nacional no consumo de álcool, tabaco, droga e outros comportamentos aditivos.

Os dados do SICAD colocam os Açores acima da média do país, tanto no consumo ao longo da vida (17,3% contra 15% a nível nacional), como no consumo nos últimos 12 meses (15,2% contra 13,5% a nível nacional).

Temos, nos Açores, números assustadores em termos de dependências. Significativamente superiores aos nacionais. O que quer dizer que temos de atuar em força nessa área”, reconheceu Clélio Meneses.

O governante considerou ainda que as novas substâncias psicoativas “são um problema grave”, porque “não estão criminalizadas”, mas recordou que existe um processo, na Assembleia Regional, que visa a sua criminalização.

“Da parte do governo, o que compete não é criminalizar. O que nos compete é prevenir e tratar quando necessário”, acrescentou.

O secretário regional entregou esta segunda-feira uma viatura à Arrisca, que teve a comparticipação do executivo açoriano em 30 mil euros, sendo que a intervenção no interior da viatura foi promovida pelos próprios utentes da associação.

Clélio Meneses avançou que, no âmbito do combate às substâncias psicoativas, vai ser distribuída uma viatura à Associação Alternativa, em Ponta Delgada, e outra à Unidade de Saúde da Ilha Terceira.

O presidente da ARRISCA, Gil Sousa, realçou que a carrinha vai permitir uma intervenção “muito digna” e “mais descentralizada”.

“Esta carrinha vai ter uma importância muito grande e significativa na intervenção da ARRISCA porque temos vindo ao longo dos anos a desenvolver uma intervenção cada vez mais descentralizada e realizada no território junto das pessoas“, afirmou à Lusa.

Gil Sousa considerou “fundamental” desenvolver uma “estratégia de proximidade” e promover a “literacia em saúde” para combater as dependências na região.

Quando falamos de toxicodependência, estamos a falar numa doença crónica. A recaída faz parte desse processo. Temos de combater precocemente, apostando na intervenção. Esse é um trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo dos anos”, concluiu.