Existe um FC Porto antes de Pinto da Costa e depois de Pinto da Costa. De forma mais pormenorizada, há um FC Porto até aos anos 80 e depois dos anos 80. Foi nessa década que o clube conquistou a sua primeira final europeia, foi aí que ganhou a primeira prova europeia, foi aí que alcançou aquilo que mais nenhuma equipa portuguesa conseguiu no seu palmarés. António Lima Pereira, central formado no Varzim, foi um dos esteios dessas equipas azuis e brancos que mudaram a história. Morreu este sábado, aos 69 anos.

“Figura incontornável da história do FC Porto, o antigo defesa internacional português desapareceu este sábado aos 69 anos. Nas 11 temporadas e 265 jogos em que equipou de azul e branco – as cores do clube do coração –, Lima Pereira conquistou uma Taça Intercontinental, uma Taça dos Campeões Europeus, quatro Campeonatos nacionais, duas Taças de Portugal e três Supertaças Cândido de Oliveira”, anunciou o clube através de um longo texto publicado na tarde deste sábado no site oficial dos dragões.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“É muito triste quando temos de nos despedir de alguém como o Lima Pereira, um grande homem e um grande amigo, que foi também um excelente atleta. Não posso esquecer que em todos os momentos da sua vida, tanto dentro como fora do campo, soube representar exemplarmente os valores do FC Porto”, comentou aos meios dos azuis e brancos Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do clube.

Depois de ter feito toda a formação no Varzim, onde jogou ainda sete anos nos seniores, o central mudou-se para as Antas em 1978/79, permanecendo depois nos dragões ao longo de mais de uma década onde o clube conquistou quase metade dos sete títulos europeus que conta nesta altura no currículo, entre os quais a Taça Intercontinental e a Supertaça Europeia que mais nenhum conjunto português alcançou.

“Chegado às Antas no início da era dourada do FC Porto, o central que se destacava por ser discreto venceu o segundo título do bicampeonato de José Maria Pedroto logo na estreia e, a partir daí, foi-se afirmando como figura imprescindível das equipas azuis e brancas. Em 1984 foi um dos pilares da campanha portista que só terminou na final Taça das Taças e da Seleção no Europeu mas a merecida consagração além-fronteiras só chegaria três anos mais tarde. Eliminado o poderoso Dínamo de Kiev nas meias-finais, Lima Pereira viu-se impedido de entrar em campo no Prater de Viena devido a lesão e assistiu de fora à primeira conquista internacional dos dragões. Nesse inverno, lado a lado com Gomes em Tóquio, ergueu o maior troféu do planeta futebolístico. De regresso a casa, foi parte ativa na vitória frente ao Ajax na Supertaça Europeia que tornou o FC Porto no primeiro emblema a ostentar o pleno de títulos internacionais”, recordaram os azuis e brancos no texto de homenagem ao defesa central de 69 anos.

27 de maio de 1987, a melhor colheita de FC Porto: a vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus

As três presenças na fase final do Europeu de 1984, a melhor até então de Portugal com a chegada às meias onde caiu quase no final do prolongamento frente à França, foram o ponto alto das 20 internacionalizações que somou ao longo de uma carreira que terminaria ainda com duas épocas no Maia (de 1989 a 1991), antes de voltar às Antas mas desta vez para reforçar o departamento de prospeção dos azuis e brancos.