A competitividade nos quartos do Open da Austrália, com três dos quatro jogos a serem apenas decididos no quinto set e com um carrossel de emoções e momentos, abriam espaço para duas meias-finais mais abertas do que aquilo que a experiência que cada jogador concebia. Ainda assim, sobravam duas grandes dúvidas, aquelas que se levantaram a partir do momento em que Novak Djokovic fez de vez as malas e embarcou rumo à Sérvia via Dubai: 1) conseguiria Daniil Medvedev conquistar o Major que abre o ano de 2022 e destronar o sérvio do primeiro lugar do ranking mundial?; 2) conseguiria Rafael Nadal tornar-se o jogador com mais títulos no Grand Slam, superando os 20 de Federer e Djokovic? A primeira resposta estava nas meias-finais.

Agora, acabou: Djokovic foi deportado, está fora do Open da Austrália e seguiu para o Dubai antes do arranque do torneio

A abrir, o duelo entre o espanhol, sexto cabeça de série em Melbourne, e o italiano Matteo Berrettini, que surgia logo na posição seguinte motivado com a primeira presença no top 4 do Open da Austrália e em bisca da segunda final de um Major depois de Wimbledon, no ano passado. E depois de um duelo aceso e com uma polémica à mistura frente ao canadiano Denis Shapovalov decidido apenas na quinta partida após consentir uma igualdade de 2-0 para 2-2 em sets, Nadal elevou o nível e resolveu a meia-final em quatro sets, com os parciais de 6-3, 6-2, 3-6 e 6-3, assegurando desde logo a presença na decisão de domingo (8h30).

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Ao todo, o antigo número 1 mundial chegou à 29.ª final de um Grand Slam, sexta em Melbourne onde tinha perdido na última presença frente a Djokovic em 2019. O espanhol tem agora um outro desafio em relação ao Open da Austrália que passa por quebrar um longo jejum de mais de uma década sem vitórias no primeiro Major do ano: depois de ganhar a primeira final em que participou, batendo Roger Federer em cinco sets em 2009, Nadal perdeu em 2012 com Novak Djokovic em cinco sets, em 2014 com Stan Wawrinka em quatro sets, em 2017 com Federer em cinco sets e em 2019 com o sérvio em três sets, naquela que foi para muitos a pior partida que alguma vez realizou na decisão de um Grand Slam com apenas oito jogos ganhos.

Seguia-se uma batalha ainda mais disputada entre os dois jogadores com melhor ranking ainda em prova a seguir à eliminação precoce de Alexander Zverev. E um jogo com outro contexto, entre o forte apoio de toda a comunidade grega em Melbourne a Stefanos Tsitsipas e as várias “farpas” que Daniil Medvedev foi atirando ao árbitro do encontro, sobretudo a saída do “Tu és, como posso dizer, um gato pequeno” na paragem após o segundo set por considerar que o coaching do pai do helénico não estava a ser sancionado.

Depois de dois sets com vencedores diferentes e decididos em bolas ao milímetro em pontos cruciais para o desfecho, Medvedev venceu o primeiro no tie break por 7-5 e Tsitsipas fechou o segundo parcial com 6-4. O terceiro set seria capital para o desfecho da segunda meia-final, com o grego a não conseguir capitalizar o break que fez logo a abrir, a ver o seu serviço quebrado duas vezes e a perder por 6-4, naquele que foi um golpe demasiado duro para o helénico, que foi “atropelado” depois pelo russo por 6-1 a fechar um encontro que teve duas horas e meia, menos duas do que o jogo com Félix Auger-Aliassime nos quartos.

Agora, e além de poder chegar à liderança do ranking ATP, o russo pode ainda quebrar dois registos que se tornaram quase históricos: desde 2016 que não existem dois Grand Slams seguidos com um vencedor que não fosse Djokovic, Nadal e Federer e, mais do que isso, desde 1999-2000 que um jogador que não um dos Três Mosqueteiros consegue conquistar dois Majors seguidos. Medvedev tem essa oportunidade frente a um Rafa Nadal com quem perdeu o seu primeiro Grand Slam, em 2019, no US Open (e em cinco sets).