A província moçambicana de Sofala continua sob alerta de inundações e uma nova depressão cresce no oceano Índico, após a passagem da tempestade Ana que provocou pelo menos 20 mortos, anunciaram autoridades e organizações de socorro.

“Há casas que ficaram destruídas”. Ricardo Machava relata a situação em Moçambique

Apesar da intempérie já ter passado, a proteção civil alerta: “O risco de inundações continua”, sobretudo na província de Sofala, centro de Moçambique, porque as chuvas não pararam e continuam a alimentar bacias hidrográficas que ficaram acima dos níveis de alerta nos últimos dias.

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As distritos em maior risco são os de Nhamatanda e Buzi, dois dos que ficaram submersos durante o ciclone Idai em 2019, e ainda Caia e Chemba, segundo as autoridades.

Face ao cenário, o total de pessoas afetadas pela tempestade Ana pode agravar-se, anunciou esta sexta-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em comunicado.

Haverá mais de 45.000 pessoas afetadas, metade das quais mulheres e crianças, segundo a estimativa daquela agência das Nações Unidas.

Prevê-se que “estes números aumentem”, destaca, uma vez que as “equipas no terreno ainda estão a avaliar a situação”.

Pelo menos 20 pessoas terão morrido com a tempestade, de acordo com dados das autoridades locais e do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), embora relatos da população nas zonas afetadas apontem para um balanço de vítimas ainda maior, por registar.

“Dado que Moçambique está na sua estação chuvosa, a situação poderá deteriorar-se rapidamente se outra depressão tropical ou ciclone trouxer chuvas adicionais significativas a rios e barragens já cheias”, acrescentou.

Um alerta que é feito numa altura em que uma segunda depressão, a tempestade Batsirai, já se formou no oceano Índico.

Apesar de ainda estar muito longe de zonas habitadas, as previsões meteorológicas indicam que há uma possibilidade de se aproximar de Madagáscar e do canal de Moçambique na segunda semana de fevereiro.

“O UNICEF estima que precisará de 3,5 milhões de dólares para responder às necessidades imediatas das populações afetadas”, sendo que “está a utilizar os seus abastecimentos pré-posicionados e a mobilizar fundos internos”, acrescentou no comunicado.

Entre 2016 a 2021, o país enfrentou duas grandes secas e oito tempestades tropicais, incluindo os grandes ciclones Idai e Kenneth, que atingiram o país em 2019 num período de seis semanas e afetaram 2,5 milhões de pessoas, de acordo com as Nações Unidas.

Moçambique ocupa o nono lugar entre 191 países quanto à vulnerabilidade a perigos, exposição a riscos e falta de capacidade de resposta, acrescenta o UNICEF, segundo a ferramenta de avaliação de risco de desastres Inform.