Os desastres naturais tiveram um custo económico de 343 mil milhões de dólares (cerca de 300 mil milhões de euros) em 2021, tendo Portugal e Espanha (o valor não é desagregado entre os dois países) sofrido um custo de 150 milhões de dólares (cerca de 130 milhões de euros), de acordo com um estudo da Aon que anualmente realiza o estudo sobre o impacto desses incidentes.

Na edição referente a 2021, agora divulgada, conclui-se que o ano passado foi o terceiro ano com mais custos associados a eventos climáticos que apesar de serem menos tiveram maior impacto. Segundo o estudo, houve 401 registos (contra 416 em 2020) sendo o custo dos eventos climáticos de 329 mil milhões de dólares (288 mil milhões de euros). De acordo com explicações da Aon ao Observador, os custos económicos de catástrofes naturais “são obtidos de informação disponível publicamente na internet e de outras fontes credíveis”, sendo considerados eventos não climáticos os fenómenos sísmicos – como terramoto e tsunami – e vulcânicos.

Se em termos de desastres climáticos foi o terceiro pior ano, em termos de custos totais com desastres naturais foi o sétimo em 15 anos analisados. O ano recorde foi atingido em 2011 com um total de 615 mil milhões de dólares e 2017 com um custo de 532 mil milhões de dólares. Ainda assim foi acima da média de 271 mil milhões de dólares e da mediana 265 mil milhões de dólares.

De acordo com o estudo, em comparação com a última década (2011-2020) as perdas económicas foram 4% acima que a média e 15% superior à mediana.

Os custos só relacionados com eventos climáticos atingiram 329 mil milhões de dólares.

Quatro eventos tiveram custos acima dos 20 mil milhões de dólares. E 50 dos eventos tiveram um custo acima de mil milhões de dólares. A Europa teve em 2021 o evento mais caro desde que há registos, resultado das cheias de julho na Europa Central e Ocidental.

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Relativamente a Portugal, o único dado referido junta os custos nacionais com os registados em Espanha para concluir que no conjunto os dois países tiveram perdas na ordem dos mais de 150 milhões de dólares (mais de 131 milhões de euros), devido ao mau tempo que ocorreu entre 29 de maio e 14 de junho.

Ao Observador, a Aon explica que “o valor de Portugal não é apresentado itemizado neste relatório, mas Portugal é destacado em conjunto com outros países no que se refere a exposição crescente ao risco de incêndio florestal e seca”, acrescentando que recentes estudos da Aon apontaram os incêndios florestais de 2017 em Pedrogão e no Norte do país e a tempestade Leslie em 2018 como tendo tido custos elevados.

Segundo a Aon, do total de eventos climáticos ocorridos em 2021 cerca de 38% foram cobertos por seguros. “A cobertura dos riscos está intimamente relacionada com as regiões”, explica ao Observador a Aon, esclarecendo que “certas zonas do mundo estão muito mais expostas a fenómenos naturais extremos e a cobertura de seguro está intimamente relacionada com o desenvolvimento económico, que como sabemos, varia muito consideravelmente dependendo das regiões do mundo”.

A cobertura de seguros de fenómenos de catástrofes naturais depende, por um lado, “da exposição ao risco, e por outro da taxa de cobertura associada à contratação de seguros para este tipo de riscos”.  Os 38% é, ainda assim, “um dos melhores rácios de cobertura recente”. Nos EUA a cobertura é superior.