O presidente da Federação das Associações Portuguesas na África do Sul (FAPRAS) considerou esta sexta-feira “extremamente preocupante” para os milhares de portugueses residentes em Joanesburgo o aumento significativo de sequestros na capital económica do país.

Em declarações à Lusa, Alexandre Santos salientou que a onda de sequestros que afeta desde 2017/18 a província de Gauteng, onde se situa Joanesburgo e Pretória, a capital do país, é um “novo elemento” a juntar às “preocupações” diárias de quem vive naquela região da África do Sul.

A província sul-africana de Gauteng, onde reside a maioria dos cerca de meio milhão de portugueses no país, registou um agravamento de 111,3% no número de sequestros, com 632 novos casos denunciados no último trimestre de 2021, anunciou esta sexta-feira a polícia sul-africana (SAPS).

De acordo com os dados oficiais esta sexta-feira divulgados no parlamento, pelo menos 48 sequestros ocorreram para pedir resgaste, de um total de 1.200 casos reportados na província no ano passado.

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“É extremamente preocupante, porquanto se até aqui nós tínhamos que nos preocupar sobretudo com a proteção da propriedade e dos bens, e evidentemente as novas vidas relativamente a homicídios e tudo mais, agora temos a preocupação ainda mais acrescida ao ouvirmos falar de sequestros por resgate”, salientou Alexandre Santos à Lusa.

O líder comunitário português reside em Glenvista, subúrbio no sul de Joanesburgo, junto ao bairro de Mondeor, onde se verificou um aumento significativo de sequestros no último trimestre de 2021, segundo as autoridades sul-africanas.

Os dados oficiais da SAPS indicam que o bairro de Mondeor foi alvo de 30 casos de sequestro – comparativamente a cinco casos em período homólogo de 2020 -, sendo o quinto subúrbio residencial mais afetado do país pelo crime de sequestro, depois de Inanda, no KwaZulu-Natal, e do centro da cidade de Joanesburgo, Randfontein, e Tembisa, em Gauteng, respetivamente.

“Obviamente que isso [sequestros] visa as pessoas com uma situação económica próspera e como se sabe a comunidade portuguesa, em parte, sobretudo nesta região de Joanesburgo, é uma comunidade relativamente próspera que pode facilmente também vir a tornar-se um alvo desse tipo de criminalidade”, frisou Alexandre Santos.

“Nós estamos seriamente preocupados com isso e teremos que procurar ver se temos que nos organizar ou se temos que tomar outras medidas que parece que o Governo e a polícia não estão a tomar devidamente”, adiantou à Lusa.

O líder comunitário português sublinhou ainda que o facto de as autoridades sul-africanas não divulgarem as causas do novo “fenómeno” criminoso no país “ainda aumenta a nossa preocupação maior”.

“Será apenas por razões económicas ou haverá outras razões sociais ou até mesmo políticas?”, questionou.

“Já tínhamos a preocupação em matéria do crime, depois surgiu a Covid-19, que teve implicações muito sérias, muito graves sobre a nossa comunidade, não apenas na vida associativa como também nas nossas vidas, nas nossas profissões, nas nossas carreiras e tudo mais, e agora com este novo elemento obviamente que ainda temos mais uma situação stressante”, declarou Alexandre Santos à Lusa.

A criminalidade na África do Sul, um dos países mais violentos do mundo, piorou significativamente no último trimestre de 2021, tendo registado uma média de 74 homicídios e 122 queixas de violação diários, anunciou esta sexta-feira o ministro da Polícia sul-africano, Bheki Cele.