Já passaram quase cinco anos desde que Abdelhak Nouri, com apenas 20 anos, caiu inanimado durante um particular entre o Ajax e o Werder Bremen. A paragem cardíaca deixou o jovem jogador neerlandês, tido como um dos mais promissores da sua geração, com danos cerebrais permanentes. E só agora, quase cinco anos depois de Abdelhak Nouri ter caído inanimado, é que o Ajax chegou a acordo com a família sobre o pagamento de uma indemnização.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira, o clube de Amesterdão anunciou que o processo judicial que se arrastava desde 2017 chegou finalmente ao fim: o Ajax vai pagar 7,850 milhões de euros à família de Nouri e continuar a suportar os custos de todos os cuidados médicos de que o jovem precisa, algo que já vinha a fazer desde o primeiro dia.

“O Ajax confirmou mais tarde que os cuidados médicos a Nouri, na fase crítica em campo, não eram adequados. Como empregador, reconheceu as responsabilidades pelas consequências. A família Nouri e o Ajax chegaram agora a um acordo sobre a compensação a ser paga pelo clube. O processo instaurado pela família perante o Comité de Arbitragem da KNVB [Federação dos Países Baixos] foi encerrado como resultado desde acordo amigável”, pode ler-se na nota, que lembra também que as duas partes já tinham chegado a um acordo verbal no passado mês de novembro.

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“No processo arbitral, a extensão do dano, devido, entre outras coisas, à perda da capacidade laboral e indemnização por danos, foi objeto de discussão. O acordo alcançado relativamente a estas rubricas de sinistros respeita a uma compensação líquida de 7.850.000 euros. Desde o verão de 2017, o Ajax também reembolsou os custos pela enfermaria e cuidados de Abdelhak Nouri e continuará a fazê-lo”, acrescenta o comunicado. Já Edwin van der Sar, antigo guarda-redes dos neerlandeses e atual diretor-geral do clube, defendeu que “é bom que o acordo tenha sido alcançado” e reconheceu que “o sofrimento de Abdelhak e dos seus entes queridos não acabou”.

Futebol. Nouri, jogador do Ajax, sofre problema cardíaco em jogo particular mas está estável

Para além do acordo mais formal sobre a indemnização, o Ajax também anunciou que decidiu retirar a camisola 34, o número que Nouri usava nas costas e que só será utilizado por outro jogador se “a família e o Ajax queiram abrir uma exceção juntos”. O número 34 tem sido, aliás, a grande forma de homenagem ao jovem jogador: nomes como Justin Kluivert, Donny van de Beek, Amrabat e Anwar El Ghazi, colegas de Nouri nas camadas jovens do Ajax ou da seleção dos Países Baixos, escolheram o 34 nos novos clubes para lembrar o antigo companheiro.

A situação neurológica de Nouri, que esteve dois anos, oito meses e 19 dias em coma, não teve alterações nos últimos meses. O jovem neerlandês recebe cuidados médicos extremos e intensivos, de dia e de noite, e só consegue comunicar através de expressões faciais, transmitindo emoções com sorrisos ou lágrimas. Nouri estreou-se com apenas 17 anos na equipa B do Ajax, em março de 2015, e fez o primeiro jogo pela formação principal em setembro de 2016, com 19. Logo nessa partida, a contar para a Taça da Holanda, o médio marcou um golo frente ao Willem II.

Dois anos, oito meses e 19 dias depois, Appie Nouri acordou do coma