Ao contrário do que acontece quando um condutor abastece um veículo com combustíveis fósseis, seja gasolina, gasóleo, GPL ou gás natural, sempre que alguém recarrega a bateria de um modelo eléctrico reina o mistério, a dúvida. Não sabe qual é o preço total a que a energia é proposta nos diferentes pontos de carga, antes de iniciar a operação e, uma vez terminado o carregamento, vai desconhecer-se por muito tempo o custo total da electricidade armazenada. Mas este é apenas um dos problemas de que enfermam os postos de carga da rede nacional, sem paralelo na maioria dos países europeus, e é exactamente para tentar modernizar e optimizar o seu funcionamento que nasceu a Associação para a Modernização da Mobilidade Eléctrica (AMME).

A AMME foi criada no seguimento de uma sondagem interna organizada pelo Tesla Club de Portugal, clube que conta com cerca de 17.000 membros, muitos deles proprietários de eléctricos de outras marcas, enquanto outros não possuem veículos a bateria. A questão “concorda ou não com a obrigatoriedade do uso da Mobi.e pelos operadores económicos que querem fornecer carregamentos para a mobilidade eléctrica”, obteve “mais de 96% de respostas negativas”, o que levou a avançar para uma associação que apresentasse soluções e se batesse por alternativas, para a “modernização efectiva do nosso sistema de mobilidade eléctrica”, segundo a nota enviada à imprensa.

Com o anúncio da criação da AMME surgiram três propostas que visam, de acordo com a associação, melhorar o actual estado das coisas. A primeira diz respeito ao confuso, complexo e dispendioso (para o cliente) sistema de fornecimento de energia, que obriga a ligação à Mobi.e e à existência de um CEME para vender energia. Em termos práticos, os condutores de veículos eléctricos ou PHEV têm de lidar com uma situação similar à de um utilizador de um veículo a gasolina que tivesse de, para atestar, pagar ao dono da bomba e ao fornecedor do combustível em separado, recebendo a conta umas semanas depois, com ambos a aplicarem os respectivos impostos antes do Estado impor as suas taxas.

O segundo intento da AMME é flexibilizar a origem da energia a fornecer aos clientes, permitindo que esta seja abastecida a partir da rede ou através da autoprodução. Isto abre as portas para estações de carga com energia gerada através de painéis fotovoltaicos ou aerogeradores, consoante o local e a preferência, electricidade que depois poderá ser armazenada em baterias estacionárias antes de alimentar os veículos dos clientes.

A terceira proposta visa outro dos “casos” mais disputados da rede de carregamentos nacional, que afecta sobretudo a Tesla e o Continente, mas igualmente todos aqueles que desejem ter a possibilidade de fornecer energia aos seus clientes através de redes que pagaram, instaladas em terrenos privados de acesso público. E que o regulador agora não permite que se expandam, apesar de ter aceitado de bom grado os primeiros postos de carga deste tipo. O acompanhamento desta “luta” em prol dos utilizadores de veículos eléctricos, bem como a adesão à associação pode ser realizada a partir do site da AMME.

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