O Algarve vai ser alvo de mais uma dezena de medidas de contingência para responder aos efeitos da seca que vão atuar do lado da oferta e da procura. As novas medidas, e prolongamento de outras já em vigor, foram anunciadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) após uma reunião autoridades locais e regionais e representantes dos setores que na região consomem mais água.
Neste quadro, e na linha do que já tinha sinalizado o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, a Associação de Municípios do Algarve (AMAL) vai avaliar medidas de redução do consumo de água para usos não potáveis, entre os quais a suspensão das regas de espaço verde com grandes necessidades, lavagem de contentores e de ruas a fazer com águas residuais tratadas para reutilização.
A barragem da Bravura no concelho de Lagos, cuja utilização da água para rega estava suspensa desde o início do mês, foi alvo de algumas das medidas adicionais com a utilização exclusiva para o abastecimento de público de água até ao final de março. Ainda nesta albufeira que se situa no concelho de Portimão vai ser avaliado a possibilidade de captação do chamado volume morto de água que atualmente não pode ser utilizada devido a limitações operacionais — por estar fora de alcance dos canos de recolha. O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas irá avaliar a eventual redução do número de peixes na referida barragem.
Foi ainda aprovada a reativação de captações de água subterrâneo para reforçar o abastecimento aos concelhos de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur. Será feito um maior controlo de novas captações particulares de água em massas com maior vulnerabilidade e mantém-se a suspensão de novas pesquisas subterrêneas nas massas de água condicionadas em áreas críticas do litoral.
A associação de regantes de Silves, Lagoa e Portimão vão reavaliar a produção de culturas temporárias mais consumidoras de água e foi igualmente anunciada a impermeabilização do canal do perímetro de rega do Alvor para reduzir perdas.
As medidas surgiram depois de uma reunião com os municípios algarvios, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR Algarve), a Águas do Algarve, associações de regantes e agricultores e representantes de empresas de turismo e de campos de golfe. A reunião realizada esta terça-feira foi a primeira de uma série de avaliações regionais que vão anteceder a reunião da comissão permanente da seca que em meados de março irá anunciar novas medidas de âmbito nacional.